Depois de ter ficado famosa no mundo inteiro como o epicentro de uma das maiores pandemias da história, a cidade de Wuhan voltou a impor um confinamento numa parte do centro urbano, depois de registar quatro casos assintomáticos de Covid-19.
A medida de confinar o distrito de Jiangxia, onde habitam mais de 970 mil pessoas (a cidade tem mais de 11 milhões de habitantes), foi anunciada esta quarta-feira, conta a CNN Internacional, e o confinamento durará três dias.
Dois dos quatro casos, todos assintomáticos, foram detetados num centro de testagem 'drive-in', enquanto que as outras duas infeções registadas são de contactos próximos.
Na China, impera ainda a política de 'zero Covid', na qual os governos locais respondem a surtos (por mais pequenos que sejam) com isolamentos e testagens em massa de milhões de pessoas - isto apesar da política ter sido criticada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que prefere que o país apostasse mais na vacinação e na prevenção.
A zona da cidade de Wuhan irá assim encerrar locais de entretenimento, como bares e cinemas, pequenas clínicas, mercados, grandes zonas de restauração, conferências e locais de culto religioso, tudo na tentativa de impedir uma maior disseminação do novo coronavírus.
Os transportes públicos no distrito de Jiangxia foram também suspensos, e as autoridades locais pediram aos residentes para não viajar entre zonas da cidade a não ser que seja absolutamente necessário.
Outros quatro bairros foram considerados de risco muito elevado, pelo que as pessoas nessas zonas também estão proibidas de sair de casa.
Em comunicado, citado pela CNN Internacional, as autoridades explicam que o confinamento procura "reduzir o fluxo de pessoas, reduzir o risco de infeção comunitária e atingir um nível de 'covid-zero' o mais rapidamente possível".
Wuhan é considerada pelo estado chinês como um caso de sucesso na luta contra a pandemia. A cidade foi o epicentro da pandemia que paralisou o mundo inteiro, mas o regime de Pequim silenciou cientistas e trabalhadores que tentaram alertar para o perigo do novo coronavírus.
Apesar de admitir mais tarde a gravidade da situação, a China encerrou o grande centro industrial e comercial, e pouco tempo depois o reduzido número de casos permitiu que Wuhan fosse dos primeiros centros urbanos no mundo a reabrir, organizando um festival de música sem restrições em agosto de 2020.
No entanto, a política de 'zero Covid' tem encontrado altos e baixos na luta contra a pandemia, com cidades como Xangai e Macau a lidarem com a variante Ómicron e com surtos perigosos, muito depois do resto do mundo ter ultrapassado as vagas provocadas por esta estirpe da Covid-19.
Ainda assim, apesar de ser o foco inicial da pandemia, a China registou apenas cerca de 230 mil casos de Covid-19 desde o início da pandemia, e apenas 5.200 mortes.
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