Ucrânia garante ajuda à UE para "resistir à pressão energética" da Rússia

A Ucrânia prepara-se para aumentar as exportações de eletricidade para a União Europeia (UE), para ajudar a Europa a "resistir à pressão energética" de Moscovo, referiu esta quarta-feira o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

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© Presidência da Ucrânia

Lusa
27/07/2022 23:18 ‧ 27/07/2022 por Lusa

Mundo

Volodymyr Zelensky

"Vamos aumentar as nossas exportações de eletricidade para os consumidores da União Europeia", explicou o chefe de Estado ucraniano no seu discurso noturno de vídeo diário.

As declarações surgem um dia depois do acordo dos países membros da UE para reduzir o consumo de gás de forma coordenada e, desta forma, ajudar a Alemanha, após uma queda drástica nas entregas russas.

Kiev e os europeus acusam Moscovo de usar o gás como uma arma económica e política.

"Apesar da guerra, garantimos a integração em tempo recorde das redes ucranianas no sistema europeu", sublinhou o Presidente ucraniano.

"As nossas exportações permitem-nos não apenas aumentar os nossos ganhos em moeda estrangeira, mas também ajudar os nossos parceiros a resistir à pressão energética russa. Gradualmente, faremos da Ucrânia um país que garante a segurança energética da Europa", acrescentou.

O objetivo é que, entre 01 de agosto deste ano e 31 de março de 2023, os Estados-membros reduzam em 15% os seus consumos de gás natural (face à média histórica nesse período, considerando os anos de 2017 a 2021), de forma a aumentar o nível de armazenamento europeu e criar uma almofada de segurança para situações de emergência, segundo fixaram os ministros dos 27 Estados-membros no final de um Conselho extraordinário de Energia.

A proposta teve a oposição inicial de países como Portugal, Espanha, Grécia e Polónia, nomeadamente pela falta de interconexão energética com o resto da Europa, mas foram depois introduzidas derrogações para ter em conta especificidades como elevada dependência da produção de eletricidade a partir do gás, falta de sincronização com a rede elétrica europeia ou ainda falta de interconexão direta no gás.

As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros. Em Portugal, em 2021, o gás russo representou menos de 10% do total importado.

A UE receia que a Rússia interrompa o fornecimento de gás à Europa no outono e inverno e, precisamente na véspera deste Conselho de Energia, o grupo russo Gazprom anunciou que vai reduzir drasticamente, a partir de quarta-feira, o fornecimento de gás russo à Europa através do gasoduto Nord Stream, justificando a redução com a manutenção de uma turbina, um argumento considerado pouco credível por muitos Estados-membros, incluindo a Alemanha.

Volodymyr Zelensky também analisou a destruição parcial da ponte Antonivski, na região de Kherson, no sul, ocupada pelos russos e que o Exército de Kiev está a tentar reconquistar com contraofensivas.

"Todas as pontes serão obviamente reconstruídas, mas por nós", sublinhou, adiantando que o ataque a esta ponte estratégica para o abastecimento do Exército russo visou "quebrar os projetos do inimigo".

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de 5.100 civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,9 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

A organização internacional tem observado o regresso de pessoas ao território ucraniano, mas adverte que estão previstas novas vagas de deslocação devido à insegurança e à falta de abastecimento de gás e água nas áreas afetadas por confrontos.

Também segundo as Nações Unidas, mais de 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: AO MINUTO: Segunda maior central de energia ocupada; Kherson em perigo

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