Jihad Islâmica ameaça atacar Telavive após ataques israelitas em Gaza
A organização Jihad Islâmica prometeu hoje que irá vingar-se e que atacará várias cidades de Israel, entre elas Telavive, após os ataques israelitas na Faixa de Gaza, que ainda estão em curso e que provocaram pelo menos 15 mortos.
© SAID KHATIB/AFP via Getty Images
Mundo Gaza
"O inimigo sionista começou esta agressão e deve esperar que lutemos implacavelmente (...). Não haverá trégua após este bombardeamento. (...) Telavive será um dos alvos dos nossos mísseis", disse o secretário-geral da organização Jihad Islâmica, Ziad al-Nakhala, numa entrevista à cadeia de televisão libanesa Al-Mayadeen, em Teerão.
"Não haverá linhas vermelhas nesta batalha (...). Telavive e outras cidades sionistas serão alvos de mísseis de resistência", insistiu, lembrando que um dos seus comandantes em Gaza, Taiseer al-Jabari, "número dois" da organização, foi morto nos ataques.
De visita ao Irão, principal apoiante da Jihad Islâmica, al-Nakhala foi recebido pelo Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, e por outros altos responsáveis da República Islâmica e garantiu ter já apelado aos combatentes e ativistas de todas as fações palestinianas, incluindo o Hamas e a Fatah, para lutarem "todos do mesmo lado" contra a "agressão" israelita.
Inicialmente, o balanço dos ataques a Gaza, segundo o Ministério da Saúde palestiniano, era de oito mortos e de cerca de 40 feridos, mas o exército israelita subiu o total de vítimas mortais para 15, acrescentando que as operações ainda não terminaram.
Aliás, o exército israelita garantiu que vai continuar a bombardear a Faixa de Gaza, no quadro da ofensiva aérea integrada na operação "Dawn Break", destinada a desativar a organização Jihad Islâmica e a abater um dos seus líderes, justamente Taiseer al-Jabari.
"Tomamos a iniciativa e ainda não terminamos", disse um porta-voz militar aos jornalistas, frisando que foram entretanto mobilizados reservistas e colocados em alerta os sistemas de defesa antiaérea em diferentes partes de Israel.
O porta-voz assumiu que Israel aguarda por uma "resposta forte" dos diferentes grupos palestinianos, incluindo o lançamento de foguetes em direção ao centro de Israel.
Segundo o exército, a ofensiva de hoje atingiu vários prédios utilizados por "terroristas" palestinianos e é um "ataque preventivo" ao que descreveu como uma "ameaça iminente" de um ataque do grupo radical palestiniano contra o território israelita.
Durante os últimos dias, argumentou o porta-voz, unidades da organização armadas com lança-mísseis antitanque aproximaram-se várias vezes da área de fronteira, no que Israel interpreta como uma "demonstração de força e uma ameaça clara".
Nas declarações à televisão libanesa, al-Nakhala rejeitou a mediação egípcia para evitar uma nova escalada de guerra em Gaza como a que ocorreu em maio do ano passado e insistiu que "os combatentes da resistência não recuarão ou hesitarão".
"Deixe os egípcios saberem que a agressão é a natureza da ocupação e que responderemos vigorosamente", acrescentou.
O Hamas, o movimento islamita palestiniano que governa, de facto, em Gaza desde 2007, expressou "solidariedade" com a organização Jihad Islâmica e afirmou que "a resistência armada palestiniana está unida contra a agressão".
"A ocupação ultrapassou os limites e chegou a hora de darmos uma lição à ocupação e obrigá-los a pagar o custo", disse o porta-voz do Hamas, Hazem Qassam, em comunicado.
Israel tinha anunciado hoje que estava a atacar a Faixa de Gaza, justificando a operação com os rumores sobre a possibilidade de ações armadas de retaliação a partir do enclave palestiniano após a prisão, segunda-feira, de Bassem Saadi, um alto dirigente da organização Jihad Islâmica na Cisjordânia.
"O Governo israelita não permitirá que organizações terroristas na Faixa de Gaza estabeleçam a agenda na área adjacente à Faixa de Gaza e ameacem os cidadãos do Estado de Israel. Quem tentar fazer mal a Israel deverá saber que nós o encontraremos", disse hoje o primeiro-ministro israelita, Yair Lapid.
Os ataques israelitas foram já condenados pelo Hamas e pela Fatah, que domina na Cisjordânia, tendo ambos considerado que Israel está "novamente a cometer crimes", ameaçando retaliar.
O porta-voz do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), Fauzi Barhum, sublinhou que Israel "vai ter de pagar o preço" pelos ataques, frisando que a organização está preparada para retaliar.
"A resistência, com todas as suas armas militares e fações, estão unidas nesta batalha", afirmou Barhum.
Por seu lado, o porta-voz da Fatah (o mais importante partido palestiniano e força política do presidente da Autoridade Palestiniana Mahmud Abbas), Munther al-Hayek, acusou Israel de "atacar e intimidar civis desarmados" no que considera ser "mais um crime que se junta aos cometidos pelas forças de ocupação israelitas" contra o povo palestiniano.
Num comunicado citado pela agência noticiosa palestiniana WAFA, al-Hayek apelou à comunidade internacional e aos mediadores para que intervenham "de imediato" de forma a evitar que Israel "cometa novos massacres".
Na terça-feira, o exército israelita ordenou o encerramento das passagens na fronteira com o enclave, forçando milhares de habitantes de Gaza, portadores de autorizações de trabalho em Israel, a ficarem em casa.
A paralisação atrasou o fornecimento de combustível, normalmente transportado do Egito ou de Israel e necessário para abastecer a central elétrica de Gaza.
Israel impôs um bloqueio total à Faixa de Gaza desde 2007, quando o movimento islamita Hamas assumiu o poder no enclave, um território com cerca de 2,3 milhões de habitantes que têm enfrentado situações de pobreza e de desemprego.
Israel e grupos armados em Gaza têm travado vários conflitos, o último deles em maio de 2021.
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