Horas depois de começarem a circular as notícias sobre as buscas do FBI, a polícia federal norte-americana, à mansão de Donald Trump na Flórida, a base de apoiantes do antigo presidente já se fazia ouvir nas redes sociais de forma violenta. Mas na terça-feira, os pedidos de uma nova guerra ganharam um megafone, através do apresentador da Fox News, Jesse Watters.
Depois de outro comentador sugerir que as buscas poderão espicaçar ainda mais uma candidatura de Trump em 2024, Watters duvidou da veracidade do mandato e ecoou o tipo de comentários feitos pela base de Trump.
"Nunca vi uma base mais enérgica. Nunca vi a base mais zangada. Eu estou zangado. Sinto-me violado. O país sente-se violado. É nojento. Eles declararam guerra contra nós e agora vale tudo", vociferou o apresentador.
O comentário foi feito no programa que apresenta na televisão conservadora Fox News, conhecida por apoiar cegamente o antigo presidente desde 2016, ainda durante a campanha. Mesmo perante os dois processos de exoneração, as várias gafes e as políticas xenófobas e islamofóbicas da administração Trump, a Fox News - criada nos anos 90 com o objetivo claro de expandir ideologias conservadoras - manteve-se ao lado do antigo presidente até agora, dando-lhe voz sempre que este quer comentar algo sobre a presidência de Biden.
Fox's Jesse Watters, just now, all in 1 breath: "I've never seen the base more energized. I've never eeen the base more angry. I'm angry. I feel violated, the whole country feels violated. It's disgusting. They've declared war on us. And now it's game on." pic.twitter.com/ALkACpcXbw
— Brian Stelter (@brianstelter) August 9, 2022
Jesse Watters, cujos comentários pró-Trump são comuns, sugeriu ainda que o mandato que serviu de justificação para as buscas é "corrupto". "Eles arranjaram um mandato falso quando espiaram a campanha de Trump, eles manipularam provas, eles forjaram documentos para o obterem. Como é que nós sabemos que eles não estão a plantar provas agora mesmo?", disse.
Segundo várias entidades oficiais e órgãos de comunicação social norte-americanos, a polícia federal monitorizou de facto um membro da campanha de Trump, mas o tribunal admitiu problemas no mandato - uma notícia que deu novo alento aos conservadores, acreditando que a investigação às ligações do presidente com o Kremlin era injustificada.
As palavras de Watters são a amplificação de um aumento das promessas de violências nas redes sociais. Pelo Twitter e em aplicações de mensagens encriptadas, como o Telegram ou 4chan (este último usado por grupos conspiracionistas e extremistas pró-Trump), milhares de utilizadores prometeram vingança e uma segunda Guerra Civil.
A VICE, um site norte-americano com várias investigações jornalísticas sobre movimentos de extrema-direita nos Estados Unidos, noticia que os vários canais onde a base de Trump se manifesta "aqueceram com pedidos de uma resposta violenta ao que alguns extremistas veem como um ataque político dirigido pela administração Biden".
Trump supporters are REALLY excited about the idea of a civil war. Some of the responses to today’s FBI raid:
— Caroline Orr Bueno, Ph.D (@RVAwonk) August 9, 2022
“I already bought my ammo”
“Civil war! Pick up arms, people!”
“Civil War 2.0 just kicked off.”
“Let’s do the war.”
“One step closer to a kinetic civil war.”
And more… pic.twitter.com/cG7NvAz9An
A reação chegou a um ponto de levar as palavras 'civil war' ('guerra civil', em inglês) a serem uma tendência no Twitter norte-americano - isto enquanto centenas de apoiantes do antigo líder se concentraram à porta do clube de Mar-a-Lago.
Outros comentários sugerem que as pessoas aprendam impressões em 3D (deixando no ar a ideia de criar 'armas fantasma', armas de fogo criadas com impressoras 3D e sem registo oficial), e um dos comentários mais proeminentes num 'chat' pró-Trump afirmou que "as pessoas responsáveis por estas ações tirânicas têm de ser enforcadas".
Na segunda-feira, o FBI fez buscas à propriedade privada de Trump na Flórida, suspeitando que o antigo presidente terá levado consigo documentos secretos e confidenciais, quando abandonou a Casa Branca a 20 de janeiro de 2021.
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