"Bolsonaro, esteja preparado. Não tenha medo de Lula porque será o povo que vai tirá-lo da Presidência", afirmou, perante uma multidão reunida em São Paulo para o seu primeiro grande evento de campanha antes das eleições presidenciais de 02 de outubro.
Lula, que lidera todas as sondagens há mais de um ano, mais uma vez meteu o dedo na ferida dos abismos sociais, que se ampliaram desde que Bolsonaro, líder de extrema-direita, assumiu o poder em janeiro de 2019.
"Hoje há 33 milhões de pessoas que não têm o que comer" no Brasil, um país que "é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e isso não tem explicação", disse Lula da Silva, citando relatórios recentes que mostram pessoas "à procura de ossos" no lixo.
"Governar é cuidar das pessoas" e "principalmente dos mais necessitados", não fazer "propaganda de armas e violência", acrescentou, apoiado por líderes de nove partidos que aderiram à ampla frente progressista que apoia a sua candidatura.
Também respondeu indiretamente a mentiras difundidas nas redes sociais, atribuídas a grupos bolsonaristas e que afirmam que, em caso de vitória, Lula da Silva pretende encerrar igrejas.
"Essa questão religiosa está tão na moda agora. Há muitas 'fake news' [desinformação] religiosas e muito demónio a ser tratado como Deus e muito diabo a fazer das igrejas uma tribuna política", declarou.
Lula da Silva reiterou a defesa do Estado laico: "O Estado não tem religião, mas deve defender todas as religiões. E a igreja não pode ter partido político, nem cuidar dos falsos profetas e fariseus que enganam o povo de Deus".
Apesar de ter valorizado as sondagens, que o mantêm com uma intenção de voto em torno de 45%, face aos 30% que Bolsonaro obteria, Lula da Silva pediu que o seu apoio "não afrouxe porque não foi ganho ainda".
"[Faltam] 43 dias para as eleições. Não posso visitar todas as casas e falar com todos, mas vocês falem por mim", disse o ex-presidente, que aos seus 76 anos aspira voltar ao poder que exerceu entre 2003 e 2010.
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