Afeganistão. UE avisa que reconhecimento depende de direitos humanos

O chefe adjunto da delegação da União Europeia no Afeganistão exigiu que o movimento fundamentalista talibã cesse as suas práticas discriminatórias e outras violações dos direitos humanos antes de iniciar um diálogo sobre um possível reconhecimento internacional do regime.

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Lusa
20/08/2022 22:36 ‧ 20/08/2022 por Lusa

Mundo

Afeganistão

Arnout Pauwels, numa entrevista ao órgão afegão Tolo News, considerou o regresso das raparigas ao ensino secundário e, em termos gerais, o fim das práticas discriminatórias contra as mulheres como uma "prioridade".

"O problema número um é que as raparigas vão à escola. É absolutamente o problema número um para a União Europeia", disse o diplomata, antes de apelar aos talibãs para que "devolvam às mulheres o direito ao trabalho".

Outras exigências da UE são o respeito pelos "direitos humanos em geral, a liberdade dos meios de comunicação social, o respeito pelos direitos da vida" e "o fim das execuções extrajudiciais".

O chefe adjunto da delegação da UE rejeitou que estes pedidos, tal como denunciado pelos talibãs, sejam uma tentativa de "intervencionismo" e assegurou que qualquer tentativa de comunicação com o regime do Afeganistão é uma via de dois sentidos.

"A conversa tem de ser conduzida de uma forma respeitosa. Vamos ouvir com muita atenção o que a liderança [talibã] diz, ver o que eles fazem e depois tomar a nossa própria decisão", disse.

Em qualquer caso, a UE vai esperar para ver se os talibãs mudam o seu comportamento.

"Vejo o reconhecimento [internacional do regime] como o resultado de um longo processo e não como o início de algo", disse, para acrescentar: "Primeiro as coisas têm de melhorar e depois podemos falar de reconhecimento."

Uma operação liderada pelos Estados Unidos da América derrubou o governo talibã no Afeganistão após os ataques de 11 de setembro de 2001, mas estes voltaram ao poder 20 anos depois, em agosto do ano passado, pouco tempo depois da retirada das forças aliadas.

Leia Também: Resistência a talibãs em contacto próximo com sociedade civil em Portugal

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