Malásia. Tribunal decide 12 anos de prisão para antigo primeiro-ministro

O Tribunal Federal da Malásia manteve hoje a condenação do antigo primeiro-ministro Najib Razak a 12 anos de prisão por corrupção, pena que terá de começar a cumprir de imediato.

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Lusa
23/08/2022 12:48 ‧ 23/08/2022 por Lusa

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Malásia

Ao perder o recurso, Najib Razak, 69 anos, torna-se no primeiro antigo chefe de governo do país do Sudeste Asiático a cumprir uma pena de prisão, segundo a agência noticiosa norte-americana AP.

O painel de cinco membros do Tribunal Federal apoiou, por unanimidade, a decisão do juiz do Supremo Tribunal e declarou que o recurso de Najib Razak era "desprovido de qualquer mérito".

O caso reporta-se ao fundo de desenvolvimento estratégico 1MDB (1Malaysia Development Berhad) criado por Najib Razak depois de assumir o poder em 2009.

Os investigadores alegam que associados de Najib Razak desviaram do fundo e branquearam 4.500 milhões de dólares (mais de 4.530 milhões de euros, ao câmbio atual).

Em 2020, Najib Razak foi considerado culpado de abuso de poder, violação criminal de confiança e branqueamento de dinheiro por receber ilegalmente 9,4 milhões de dólares (mais de 9,4 milhões de euros) da SRC International, uma antiga unidade do 1MDB.

Najib Razak declarou-se sempre inocente e aguardou o resultado do recurso em liberdade, após o pagamento de uma fiança.

Antes do anúncio da decisão, Najib Razak levantou-se no banco dos réus para fazer uma declaração de protesto contra a recusa do tribunal, na semana passada, de adiar o recurso para que os seus advogados recentemente nomeados se preparassem para o caso.

"Sinto que não me foi concedido um julgamento justo", disse aos juízes, citado pelo jornal malaio The Star.

Mas a presidente do tribunal, Maimun Tuan Mat, disse que as audiências de recurso tinham terminado porque os advogados se recusaram a apresentar novos argumentos.

Em seguida, leu o veredicto do tribunal, que tem sede em Putrajaya, a capital administrativa da Malásia, situada 25 quilómetros a sul de Kuala Lumpur, a capital política do país.

Maimun Tuan Mat, a primeira mulher a presidir ao Tribunal Federal, nomeada em 2019, recebeu nas redes sociais ameaças de morte de apoiantes de Najib Razak.

A polícia deteve um homem durante o fim de semana, em ligação com ameaças de morte feitas contra a juíza.

O escândalo do 1MDB desencadeou investigações nos Estados Unidos e em vários outros países, e provocou a queda do governo de Najib Razik nas eleições de 2018.

O antigo primeiro-ministro enfrenta 42 acusações em cinco julgamentos distintos ligados ao 1MDB, e a sua esposa está também a ser julgada sob acusações de corrupção.

Ainda assim, Najib Razak continua a ser politicamente influente e centenas de apoiantes concentraram-se no tribunal para lhe manifestar solidariedade.

A Organização Nacional dos Malaios Unidos (UMNO, na sigla em inglês), a que presidiu até ser afastado do governo, lidera o atual executivo, após a deserção de deputados ter causado o colapso do governo reformista que venceu as eleições de 2018.

Najib Razak foi o sexto primeiro-ministro da Malásia, entre abril de 2009 e maio de 2018.

O atual governo é liderado, desde agosto de 2021, por Ismail Sabri Yaakob, vice-presidente da UMNO.

Com mais de 32 milhões de habitantes, a Malásia tornou-se independente do Reino Unido em 1957.

Leia Também: Funcionários e oficiais de justiça anunciam greve para 1 e 2 de setembro

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