Antes de morrer, Dugina terá dito ao pai que se sentia "uma heroína"

Para o 'cérebro' do presidente russo, a morte da filha só poderá ser justificada "com a maior conquista": a vitória da Rússia na Ucrânia.

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Notícias ao Minuto
23/08/2022 15:49 ‧ 23/08/2022 por Notícias ao Minuto

Mundo

Ucrânia/Rússia

Durante as cerimónias fúnebres de Darya Dugina, que decorreram esta terça-feira, em Moscovo, Alexander Dugin revelou que a filha lhe terá dito que se sentia “uma heroína” e “uma guerreira”, antes de morrer na sequência da explosão do veículo em que seguia, no sábado.

“Ela não tinha qualquer medo. As últimas palavras que proferiu durante a nossa conversa no festival foram ‘Pai, sinto-me uma guerreira, sinto-me uma heroína. Quero sê-lo, não quero um destino diferente. Quero estar com o meu povo, com o meu país'”, apontou Dugin, salientando que a filha morreu “pelo povo, pela Rússia”.

Este preço enorme a pagar só pode ser justificado com a maior conquista, a nossa vitória”, continuou, lacrimejante, segundo a Sky News.

Ela viveu pela vitória, e morreu pela vitória. A nossa vitória russa, a nossa verdade, a nossa fé ortodoxa, o nosso estado”, rematou, perante as centenas de pessoas presentes no ‘último adeus’ à jornalista e comentadora política de 29 anos.

Recorde-se que a explosão que vitimou Darya Dugina terá sido causada por uma bomba colocada no SUV que, segundo o líder do movimento Horizonte Russo, Andrei Krasnov, pertencia a Dugin. A bomba seria, na sua ótica, destinada ao ideólogo do presidente russo, que deixou o festival 'Traditsiya [Tradição]', onde terá dado uma palestra, noutra viatura.

Numa nota publicada na página da presidência russa, Vladimir Putin classificou a morte de Dugina como "um crime desprezível e cruel", atribuindo-lhe a Ordem da Coragem postumamente.

Na segunda-feira, o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) culpou os serviços secretos da Ucrânia pelo homicídio, acreditando que o ataque terá sido levado a cabo por uma mulher de nacionalidade ucraniana e nascida em 1979, identificada como Natalya Vovk, segundo a agência Associated Press, que cita a imprensa russa.

De acordo com o FSB, a mulher terá chegado à Rússia na companhia da filha adolescente, estudando o estilo de vida de Dugina durante o último mês. Terá, inclusivamente, alugado um apartamento no prédio onde a jornalista residia, e estado no mesmo festival. Após o ataque, Vovk terá regressado à Estónia, de acordo com o mesmo meio noticioso.

Contudo, no domingo, o conselheiro do presidente ucraniano, Mykhailo Podolyak, negou qualquer envolvimento na morte da filha do 'cérebro' do chefe do Governo russo. "Sublinho que a Ucrânia nada tem a ver com isto, porque não somos um Estado criminoso como a Federação Russa, e não somos um Estado terrorista", garantiu o conselheiro de Volodymyr Zelensky.

Também o secretário do Conselho de Defesa e Segurança Nacional da Ucrânia, Oleksii Danilova, negou o envolvimento do país no ataque, na segunda-feira, atirando que pai e filha “não eram importantes” para Kyiv.

Já o antigo deputado da Duma Ilya Ponomarev revelou que a explosão foi obra do Exército Nacional Republicano (NRA), grupo clandestino que se dedica a derrubar o regime de Putin, aponta o The Guardian. Ainda assim, a autenticidade destas informações não foi verificada de forma independente.

Líder do Movimento Eurasiático, Alexander Dugin, 60 anos, tem sido descrito no Ocidente como o "cérebro de Putin" e o "guia espiritual" da invasão da Ucrânia, embora se desconheça se mantém contacto com o líder russo.

Apoiante da invasão da Ucrânia, tal como o pai, Darya Dugina foi alvo de sanções das autoridades norte-americanas e britânicas, que a acusaram de contribuir para a desinformação em relação à guerra iniciada pela Rússia a 24 de fevereiro.

A jornalista terá mesmo descrito o conflito na Ucrânia como um "choque de civilizações", manifestando orgulho por tanto ela, como o pai, terem sido sancionados pelo Ocidente, numa entrevista em maio, segundo a BBC.

Leia Também: Putin classifica morte de Darya Dugina como "crime desprezível e cruel"

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