Com muitas faixas e cartazes, os rohingyas - maioritariamente muçulmanos - reuniram-se em Cox's Bazar, o maior campo de refugiados do mundo, localizado no Bangladesh.
Muitos aproveitaram para exigir a revogação em Myanmar de uma lei de 1982, que priva os rohingyas de obter a cidadania birmanesa, num país que é predominantemente budista.
"Assim que recuperarmos os nossos direitos (em Myanmar), gostaríamos de voltar para casa", declarou o refugiado Zahid Hossain, de 65 anos.
Esses milhares de rohingyas, a maioria vestidos com camisas tradicionais birmaneses, alinharam-se pacificamente para assinalar o "Dia da Lembrança do Genocídio".
Hoje, assinala-se "o dia em que milhares de rohingya foram mortos", declarou em lágrimas, Maung Sawyedollah, um jovem líder comunitário, que encabeçava a manifestação em Kutupalong.
Em março, os Estados Unidos reconheceram pela primeira vez que os rohingyas foram vítimas de um "genocídio" perpetrado pelo Exército birmanês.
"Só os rohingyas podem entender a dor de 25 de agosto. Cinco anos atrás, neste dia, quase um milhão de rohingyas foram deslocados. Neste dia em 2017, mais de 300 das nossas aldeias foram reduzidas a cinzas", acrescentou Maung Sawyedollah.
Quase um milhão de refugiados da minoria muçulmana rohingya, de Myanmar, vive atualmente em campos "temporários" e sobrelotados do vizinho Bangladesh, sem solução à vista, cinco anos após a sua fuga maciça à perseguição no país de origem.
A denúncia é da organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF), que hoje assinala em comunicado a data exata desse êxodo dos rohingyas "à maior e mais recente vaga de violência em Myanmar" - 25 de agosto de 2017 - para o país mais pobre do mundo, coligindo testemunhos de pessoas de várias gerações que foram ou são doentes da MSF e vivem desde então nos campos de refugiados situados junto à cidade portuária de Cox's Bazar, no sudeste do Bangladesh.
Os cerca de 750.000 rohingyas que em 25 de agosto de 2017 fugiram de Myanmar, juntaram-se a mais de 100.000 que já se tinham refugiado no país vizinho e a outros que se lhes seguiram e dependem, segundo a MSF, de ajuda humanitária e têm "escassíssimas perspetivas de futuro".
A MSF sublinha que, cinco anos volvidos, "os rohingyas continuam a não ser reconhecidos como cidadãos de nenhum país e oficialmente não são também reconhecidos como refugiados, apesar de receberem alguma proteção" do Alto-Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) -- ou seja, são apátridas.
Leia Também: Refugiados rohingya no Bangladesh continuam apátridas cinco anos depois