Numa declaração, em Genebra, e divulgada pelo órgão de comunicação das Nações Unidas, a comissão realça a sua preocupação em relação aos ataques aéreos em Mekele, no nordeste do país.
Na sexta-feira, quatro pessoas morreram, incluindo duas crianças que se encontravam num parque infantil, alvo dos ataques em Tigray.
De acordo com as agências de notícias internacionais, as crianças brincavam no local quando foram atingidas. Momentos depois, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), pediu o fim dos ataques, realçando que "mais uma vez, uma escalada de violência no norte da Etiópia fez com que as crianças pagassem o preço mais alto".
Sublinhando que o modo como as crianças perderam a vida levanta a maior preocupação para os especialistas da comissão criada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, esta salienta que a estimativa aponta para que outras nove vítimas tenham ficado feridas nos ataques de sexta-feira.
O queniano Kaari Betty Murungi, o americano Steven Ratner e Radhika Coomaraswamy, do Sri Lanka, integram a Comissão Internacional de Peritos em Direitos Humanos.
No início de agosto, os responsáveis estiveram no terreno e encontraram-se com representantes do governo, sociedade civil, diplomatas e responsáveis das Nações Unidas no território etíope.
Agora, o grupo internacional destacou que os combates só vêm piorar as dificuldades das pessoas na região e sublinharam que estes apresentam um risco de escalada.
De acordo com o comunicado, também houve relatos de mortes de civis num outro conflito, uma ofensiva realizada em Kobo, na região de Amhara.
Por isso, os peritos apelam às partes em conflito para que cessem imediatamente os confrontos e retomem o processo de diálogo, já aceite por ambas.
Outra exigência é que ambos os lados tomem "todas as medidas necessárias de imediato para permitir que as Nações Unidas e outras agências realizem a distribuição de assistência humanitária em Tigray".
O grupo concluiu sublinhando que "os direitos humanos, saúde e bem-estar dos civis devem ser a prioridade máxima de todas as partes".
Desde o seu início, em novembro de 2020, a guerra no norte da Etiópia matou vários milhares de pessoas, deslocou mais de dois milhões e mergulhou centenas de milhares de etíopes em condições de quase fome, de acordo com as Nações Unidas.
As tréguas alcançadas no final de março permitiram o recomeço gradual da entrega de ajuda humanitária por estrada a Tigray, após três meses de interrupção.
O conflito no Tigray começou no início de novembro de 2020 quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o exército federal, apoiado por forças regionais de Amhara e do exército da Eritreia, para desalojar as autoridades rebeldes da região do Tigray.
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