Sobe para 15 o número de mortos em confrontos em Bagdade

O número de mortos na sequência dos confrontos que eclodiram hoje em Bagdade, no Iraque, subiu para 15, com as forças de segurança a relatarem vários morteiros disparados, segundo o mais recente balanço.

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Lusa
29/08/2022 23:34 ‧ 29/08/2022 por Lusa

Mundo

Iraque

Dezenas de apoiantes de Al-Sadr invadiram hoje o Palácio da República, em Bagdade, para expressar o seu descontentamento após o clérigo populista iraquiano ter anunciado a sua "retirada definitiva" da política, levando as forças de segurança a disparar.

O mais recente balanço divulgado pela agência Associated Press (AP) anunciou a morte de pelo menos 15 manifestantes. Inicialmente, a AP havia informado 10 óbitos, número confirmado pelo gabinete de comunicação do movimento sadrista.

Já fonte de segurança adiantou à agência France-Presse (AFP) que pelo menos sete morteiros caíram esta segunda-feira à noite na Zona Verde de Bagdade.

No entanto, a mesma fonte não explicou qual grupo ou fação realizou os disparos.

Hoje, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu "contenção" no Iraque e pediu a todas as partes que "tomem medidas imediatas para acalmar a situação", segundo um comunicado do seu porta-voz.

Guterres "acompanha com preocupação as manifestações que acontecem hoje no Iraque, durante as quais manifestantes invadiram edifícios do governo", afirmou Stéphane Dujarric.

"[O secretário-geral] pede calma e contenção e pede a todos os atores envolvidos que tomem medidas imediatas para diminuir a situação e evitar a violência. (...) Pede a todas as partes e a todos os atores que superem as suas diferenças e realizem, sem demora, um diálogo pacífico e inclusivo", acrescentou.

O anúncio de Al-Sadr ocorreu apenas 48 horas depois de ter exigido a exclusão da cena política de todos os partidos que atuam no Iraque desde 2003, como condição para superar a crise que se vive desde as eleições de outubro.

O influente clérigo iniciou hoje uma greve de fome "até que a violência termine" no Iraque, revelou um dos seus porta-vozes.

"Sua eminência anuncia greve de fome até que a violência e o uso de armas cessem. Porque expulsar os corruptos não dá a ninguém, quem quer que seja, uma justificação para o uso da violência", destacou Hasan al Azari, um dos líderes do movimento sadrista.

O primeiro-ministro interino do Iraque, Mustafa al Kadhimi, revelou hoje que irá determinar a abertura de uma investigação sobre os disparos, referindo que o uso de munição real contra manifestantes é proibido.

A situação na Zona Verde de Bagdade mantém-se caótica, apesar do decretar do recolher obrigatório, efetivo a partir de hoje.

Desde as eleições de outubro do ano passado que o Iraque está sem governo e sem um novo Presidente, depois de o partido de Al-Sadr ter vencido, mas com apenas 73 lugares dos 329 do Parlamento.

O partido de Al-Sadr tentou uma aliança com outras forças parlamentares para eleger o Presidente e o primeiro-ministro, que ficariam encarregados de formar um Governo, o que acabou por não ser possível, devido ao bloqueio dos opositores xiitas, próximos do regime iraniano.

Os deputados sadristas demitiram-se em bloco, em junho, mas, perante a eleição de um Presidente e de um primeiro-ministro propostos pelos opositores, os seguidores de Al-Sadr ocuparam o Parlamento, em 30 de julho.

A ocupação durou uma semana e, após um apelo do clérigo, os sadristas retiraram-se do Parlamento e têm estado acampados em frente ao edifício, para exigir a dissolução da Câmara e novas eleições.

Leia Também: Iraque. Sobe para oito o número de mortos em confrontos em Bagdade

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