Polícia matou 19 pessoas na tentativa de entrada de quartel em Madagáscar
A polícia de Madagáscar confirmou hoje que matou na segunda-feira 19 pessoas quando uma multidão tentou entrar no seu quartel para fazer justiça com as próprias mãos na sequência do desaparecimento de uma criança albina, segundo a corporação.
© Getty Images
Mundo Madagáscar
"Dezanove pessoas perderam a vida e 21 feridos ainda estão a receber tratamento" no hospital de Ikongo, uma cidade no sudeste da ilha onde ocorreram os confrontos, afirma-se num comunicado, em que se acrescenta estar em curso uma investigação.
O médico chefe do hospital local, Tango Oscar Toky, confirmou à imprensa o número de mortos.
A polícia, que garante o regresso à normalidade, tinha anunciado na segunda-feira um primeiro balanço de 14 mortos e 28 feridos.
Hoje de manhã, o hospital local ainda aguardava a chegada de feridos que precisam de ser transportados para outras unidades de saúde, segundo o médico chefe, devido a ferimentos graves.
Desde a semana passada, a cidade de Ikongo, nas montanhas e a cerca de 350 quilómetros da capital, Antananarivo, está em estado de choque: uma criança, albina, desapareceu e as autoridades suspeitam de sequestro.
Na grande ilha do oceano Índico, as pessoas albinas são regularmente alvo de violência. Mais de 12 sequestros, ataques e assassínios de albinos foram relatados nos últimos dois anos, de acordo com as Nações Unidas.
Após o desaparecimento da criança, quatro suspeitos foram detidos pela polícia e colocados em detenção no quartel de Ikongo.
Mas os moradores furiosos queriam fazer justiça com as próprias mãos, tendo uma multidão se dirigido na segunda-feira ao quartel e exigiram que os suspeitos lhes fossem entregues, disse Jean Brunelle Razafintsiandraofa, deputado do distrito, citado pela AFP.
Segundo relatos de uma fonte da polícia à AFP, pelo menos 500 pessoas, algumas armadas com "armas brancas" e "catanas", concentraram-se defronte do quartel.
"Houve negociações, insistiram os aldeões", adiantou a mesma fonte. Os polícias decidiram então lançar bombas de fumo para dispersar a multidão e dispararam alguns tiros para o ar.
Porém, como os moradores continuaram a tentar forçar a entrada no quartel e a mesma fonte sublinhou: "Não tivemos escolha a não ser nos defendermos".
A polícia de Madagáscar é regularmente acusada pela sociedade civil da prática de violações dos direitos humanos, que raramente são alvo de processos.
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