Nas Conferências Estoril, Tymoshenko fez uma intervenção em que repetiu várias vezes que "só há um caminho para a paz e esse é a vitória no campo de batalha", agradecendo o apoio de Portugal e da Europa.
"Um acordo de paz que a liderança russa quer propor significa apenas perda. O pretexto são os territórios que a Federação Russa já ocupou e que quase igualam o território de Portugal. Não é aceitável para a Ucrânia e para o mundo livre trocar território pela paz", sublinhou.
A antiga chefe de Estado respondia à questão sobre qual o caminho para a paz e quando poderá acabar a guerra, em que recordou os vários momentos em que a Rússia se apoderou de territórios, não só na Ucrânia (Crimeia em 2014 e agora no Donbass) mas na Geórgia (2008) também.
Negociar aceitando trocar território pela paz e ceder à "desmilitarização cogitada por Putin" não é solução porque esta é uma luta pela democracia.
"Seria perder as nossas raízes, a nossa cultura aceitar a 'russificação' e isto "não é negociável. Significaria capitulação. Ninguém na Ucrânia, do Presidente a uma criança, aceitaria tais condições", repetiu.
"A minha resposta é muito clara: não há dois caminhos", afirmou num debate sob o tema "Paz na Europa", em que participou também Aleksander Kwasniewski, antigo Presidente da Polónia, que como todos os participantes sustentou que a guerra é da Europa e não só da Ucrânia e que tem de acabar rapidamente.
Também Hryhoriy Nemyria, primeiro vice-Presidente da Comissão dos Negócios Estrangeiros do Parlamento da Ucrânia, lembrou que os soldados e o povo ucraniano estão "a sacrificar a sua vida pela Europa e o futuro da Europa".
Os participantes no debate, incluindo a Kolinda Grabar Kitarovic, antiga Presidente da Croácia (2015-2020) mostraram-se convencidos de que o objetivo principal do Presidente russo, Vladimir Putin, é controlar a Ucrânia.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que entrou hoje no seu 191.º dia, 5.663 civis mortos e 8.055 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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