Rebeldes do Tigray propõem trégua sob condições

Os rebeldes do Tigray propuseram uma trégua condicional à medida que os combates se intensificam com as forças pró governamentais e que a ajuda humanitária é cortada no norte da Etiópia, disse hoje um porta-voz.

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© ASHRAF SHAZLY/AFP via Getty Images

Lusa
09/09/2022 15:25 ‧ 09/09/2022 por Lusa

Mundo

Etiópia

O reinício dos combates, em 24 de agosto, pôs fim a uma trégua de cinco meses.

Numa carta enviada na quarta-feira ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, Debretsion Gebremichael, líder da Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), apelou ao fim condicional das hostilidades à medida que os combates se intensificavam em várias frentes.

Nesta carta, obtida pela agência de notícias France-Presse (AFP) e autenticada por Getachew Reda, porta-voz da rebelião, Debretsion Gebremichael disse que a trégua dependia do "acesso humanitário sem entraves" e do regresso dos serviços essenciais na região do Tigray.

Tigray, no norte da Etiópia, está isolado do resto do país e privado de eletricidade, redes de telecomunicações, serviços bancários e combustível.

A entrega de ajuda humanitária por via rodoviária e aérea também foi completamente interrompida desde que os combates foram retomados.

Este regresso às hostilidades "já está a afetar as vidas e os meios de subsistência das pessoas vulneráveis, incluindo a prestação de assistência humanitária vital" em Afar, Amhara e Tigray, disse na quinta-feira o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA).

Os combates intensificaram-se no norte de Tigray, onde o exército etíope, apoiado por forças da vizinha Eritreia, tem como alvo posições rebeldes, disseram uma fonte diplomática e uma fonte estrangeira, son anonimato, à AFP.

Os jornalistas não têm acesso ao norte da Etiópia, tornando impossível a verificação independente.

Na sua carta, Debretsion Gebremichael apelava à "partida das forças eritreias do território da Etiópia e Tigray sob supervisão internacional".

O líder da TPLF também pediu ao Conselho de Segurança da ONU a saída das tropas do Tigray ocidental, uma região disputada e reivindicada tanto por amharas como pelas autoridades do Tigray, causando um deslocamento generalizado. Nesta região, Washington também denunciou "atos de limpeza étnica".

O Governo etíope não respondeu oficialmente a esta carta.

Ao mesmo tempo, os esforços diplomáticos continuam a tentar parar as hostilidades, uma vez que ambos os lados se culpam mutuamente pelo reinício dos combates.

O enviado especial dos EUA para o Corno de África, Mike Hammer, chegou a Adis Abeba na segunda-feira e vai prolongar a sua estada na Etiópia, onde a sua homóloga europeia, Annette Weber, deverá chegar em breve, disseram fontes diplomáticas à AFP, sem mais pormenores.

O conflito no norte da Etiópia eclodiu em novembro de 2020, quando o primeiro-ministro Abiy Ahmed enviou o exército ao Tigray para desalojar as autoridades dissidentes da região, acusando-as de atacar bases militares.

Leia Também: ONU diz que ajuda humanitária ao Tigray está parada desde 24 de agosto

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