Kyiv investiga crimes em Kharkiv e detém "traidores e colaboradores"

A Ucrânia indicou hoje ter iniciado investigações sobre alegados crimes de guerra nos territórios que retomou às forças russas na região de Kharkiv, e desencadeou uma operação de detenção de " traidores e colaboradores pró-russos" nas localidades recuperadas.

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© Metin Aktas/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
15/09/2022 20:14 ‧ 15/09/2022 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

"Os procuradores e investigadores estão a trabalhar, descobrindo novos crimes de guerra russos. Assassinato, tortura, destruição, como vimos em Bucha" em abril passado, nos arredores de Kyiv, assegurou o procurador-geral da Ucrânia, Andriy Kostin.

O mesmo responsável indicou que foram criados 23 grupos móveis de procuradores, polícias, militares, membros dos serviços de segurança e outros peritos, para além de cinco "grupos temáticos" que investigam "factos de tortura de residentes locais e procurar quartéis e postos de comando da Federação russa" em Kharkiv.

A tarefa destes grupos consiste em recolher "todas as provas possíveis e documentá-las de acordo com os padrões internacionais" para que sejam utilizadas em tribunais ucranianos e internacionais.

Uma tarefa imensa, segundo disse na quarta-feira a vice-ministra da Defesa, Hanna Malyar, e após as forças ucranianas se terem reapossado desde 06 de setembro na região leste de cerca de 8.500 quilómetros quadrados, 388 localidades e 150.000 pessoas.

O chefe do Gabinete da procuradoria regional de Kharkiv, Oleksandr Filchakov, assinalou que entre 09 e 11 de setembro foram recuperados seis corpos das aldeias de Hrakove e Zaliznychne.

Segundo afirmou, essas pessoas foram "assassinadas" por militares russos e enterradas por residentes locais. Assegurou "existirem indícios de tortura" nos corpos.

Em paralelo, as autoridades e forças militares e policiais ucranianas iniciaram operações de "estabilização" nos territórios recuperados.

Estas medidas incluem a detenção de "traidores" e "colaboradores" pró-russos.

"O Serviço de segurança [SBU] prossegue as medidas de estabilização em grande escala nas áreas de primeira linha do leste da Ucrânia. Apenas nos últimos dias após a desocupação na região de Kharkiv foram localizados e detidos 16 colaboradores locais", indicaram os serviços secretos de Kiev no seu canal Telegram.

O Gabinete estatal de investigação da Ucrânia (DBR) já informou no dia 09 que começou em Balakliya a "processar informação sobre pessoas que durante a ocupação temporária cooperaram com os agressores" e recordou que nestas situações se prevê uma pena até dez anos de prisão.

Por sua vez, a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, afirmou que as medidas de "filtragem" de Kiev nos territórios libertados implicam o "assassinato" de civis por parte dos "serviços especiais e formações armadas neonazis da Ucrânia".

Assegurou ainda que "milhares" de pessoas, "civis pacíficos", estão a ser submetidos e estas medidas de filtragem.

A Rússia também tem sido acusada pelo Departamento de Estado dos EUA e outros organismos de ter estabelecido entre 18 e 21 campos de filtragem em territórios ucranianos controlados pela Rússia, uma prática que Moscovo continua a negar apesar de diversos testemunhos em contrário.

No campo de batalha, as forças ucranianas parecem centrar agora a sua contraofensiva não apenas no sul, mas também nas províncias de Donetsk e Lugansk, no leste.

O porta-voz militar da autoproclamada República popular de Lugansk (LNR), Andrei Marochko, reconheceu na quarta-feira que a situação é "realmente complicada" pelo facto de os ucranianos "terem chegado a algumas zonas muito próximas das fronteiras da região e estarem a uns dez quilómetros da linha de contacto".

Já o líder da República popular de Donetsk (DNR), também controlada em parte pelos secessionistas russófonos, reconheceu que o ponto mais crítico nos combates se centra em Lyman, mas assegurou que as forças pró-russas "estão a repelir as incessantes tentativas de inimigo de avançar".

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,2 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.827 civis mortos e 8.421 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: AO MINUTO: Vala comum com mais de 440 corpos em Izyum; Pressão em Bakhmut

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