"Aparentemente, o presidente Puti admitiu, segundo a imprensa, que o presidente Xi tem preocupações com a guerra. As preocupações da China não são surpreendentes, mas é curioso que Putin tenha admitido isso tão abertamente", disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price, numa conferência de imprensa.
Price adiantou que há meses Pequim vem fazendo "ginástica geopolítica" para não criticar abertamente a invasão russa da Ucrânia.
Mas não é surpreendente que a China esteja preocupada com esta questão, já que nos fóruns internacionais Pequim costuma defender como "inviolável" o princípio da soberania, que foi "atacado" por Moscovo ao ocupar a Ucrânia, segundo o porta-voz.
No entanto, o responsável alertou que a China e a Rússia "partilham uma visão de mundo" e que nos últimos anos "aprofundaram a sua relação".
"Expressamos de forma muito clara a nossa preocupação com esse aprofundamento da relação. Todos os países devem ter essa preocupação", atentou Price.
Da mesma forma, Price reiterou as suspeitas de Washington de que a Rússia procurou apoio militar da China e alertou para "sérias consequências" se Pequim ajudar Moscovo a lutar na Ucrânia e contornar as sanções ocidentais.
Putin e Xi encontraram-se hoje na cidade uzbeque de Samarcanda, na véspera da cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) liderada por China e Rússia, onde endossaram a sua "amizade".
No início da reunião, Putin apreciou o facto de Pequim ter mantido sempre "uma posição equilibrada" sobre a Ucrânia, embora tenha admitido "questões e preocupações" da China.
Posteriormente, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, esclareceu que "não há discrepância" com a China a nível internacional".
A China criticou abertamente a expansão da NATO, mas nunca apoiou a guerra russa na Ucrânia, país com o qual Pequim mantém uma boa relação.
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