Adnan Syed, de 42 anos, foi condenado a prisão perpétua no ano 2000 pelo assassinato da sua ex-namorada Hae Min Lee, em Baltimore, na costa leste dos Estados Unidos.
Num volte-face inesperado, a procuradora da cidade, Marilyn Mosby, apresentou na semana passada uma requisição de anulação do veredicto, explicando que tinha dúvidas sobre a culpabilidade de Adnan Syed, e pediu a sua libertação.
Mosby explicou que descobriu a existência de "dois suspeitos alternativos", uma informação crucial que não foi convenientemente explorada na época e que, acima de tudo, não tinha sido comunicada à defesa antes do julgamento.
Hoje, um magistrado validou o pedido da procuradora, no decorrer de uma audiência numa sala lotada do tribunal de Baltimore.
"No interesse da justiça e da equidade, a moção é aceite e o réu será libertado" e equipado com uma pulseira eletrónica, disse a juíza Melissa Phinn.
A procuradora insistiu, porém, que a justiça "ainda não declarou Adnan Syed inocente" e que terá de aguardar os resultados de análises de ADN adicionais antes de decidir se retira as acusações ou promove um novo julgamento.
Tem 30 dias para fazê-lo e, seja qual for a sua decisão, prometeu continuar a investigação "para garantir que a família de Hae Min Lee saiba com certeza quem é o culpado".
O caso teve início em fevereiro de 1999, quando a polícia encontrou o corpo de Hae Min Lee, de 18 anos, semienterrado numa floresta de Baltimore. Detido com apenas 17 anos, Syed foi condenado a prisão perpétua um ano depois.
Em 2014, uma equipa de jornalistas realizou uma contra investigação contada em 12 episódios da primeira temporada do podcast 'Serial', que já foi descarregada mais de 300 milhões de vezes e inspirou um documentário da HBO.
A investigação dos jornalistas mostrou que o advogado de Adnan Syed negligenciou uma perícia ao telefone móvel que era favorável ao acusado, assim como o depoimento de uma jovem que oferecia um possível alibi.
O trabalho apresentado em 'Serial' levou à reabertura do caso em março de 2018, quando um tribunal de Maryland ordenou um novo julgamento, concluindo que o advogado tinha prestado uma "assistência ineficaz" ao seu cliente.
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