"A Ucrânia precisa de ter um panorama estável para desenvolver as suas competências. Eles são um grande ator, particularmente numa área onde temos uma grande dependência, nos lançadores de foguetões, na parte da propulsão dos motores", explicou Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa, em declarações à Agência Lusa.
Portugal assina hoje um memorando de entendimento com a Ucrânia no seguimento do pedido de adesão deste país à União Europeia, que se estendeu também à Agência Espacial Europeia. Enquanto se prepara o longo caminho para a adesão, Portugal decidiu estabelecer laços estreitos com o setor espacial ucraniano.
"Mesmo na nossa escala também estamos a ajudar a Ucrânia a vários níveis, incluindo no setor espacial. Mas também estamos a desenvolver uma cooperação, lançámos concursos públicos para empresas ucranianas que queriam vir desenvolver competências deste setor para Portugal e já apareceram quatro candidaturas. Nós vamos promovê-las agora no nosso território", explicou Ricardo Conde, referindo-se a um concurso levado a cabo em maio pelo Instituto Pedro Nunes e pela ANACOM.
O presidente da Agência Portuguesa Espacial adnite, no entanto, que a nível global, o conflito na Ucrânia e a marginalização dos russos na corrida ao espaço, criaram novas oportunidades para as empresas portuguesas.
"Aumenta a oportunidade para as empresas? Aumenta, aliás vai ver-se na próxima reunião ministerial da Agência Europeia do Espaço onde Portugal será chamado a contribuir para novos programas", indicou.
No entanto, Ricardo Conde espera que esta seja "uma pausa" na cooperação científica espacial e que não se avance para uma "desglobalização", levando por enquanto a União Europeia a procurar soluções entre os seus Estados-membros.
"Seria perigoso entrar num fenómeno de desglobalização. É claro que isto dá-nos sempre uma perspetiva oportunista que escondemos com palavras como a resiliência e a autonomia, o que é perigoso. No Programa Espacial Europeu tínhamos dependências da Rússia, tínhamos uma cooperação e eram parcerias bem-intencionadas, sempre foram. Mas estas circunstâncias levaram ao corte destas dependências, arranjámos forma de perceber como podemos fazer isto no âmbito da comunidade europeia", concluiu Ricardo Conde.
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