Referendos de adesão à Rússia de territórios ocupados começam hoje

Os referendos sobre a adesão dos territórios ucranianos de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson à Federação russa começam hoje e decorrem até 27 de setembro, indicaram as autoridades pró-russas dessas regiões.

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Lusa
23/09/2022 06:17 ‧ 23/09/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

Os parlamentos das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, reconhecidas pelo Kremlin a 21 de fevereiro passado, convocaram um referendo de integração na Rússia entre hoje e 27 de setembro, ao qual se juntaram as regiões de Kherson e Zaporíjia, parcialmente sob domínio russo.

O anúncio oficial de realização dessas consultas populares para anexação dos territórios ucranianos sob ocupação russa foi feito num discurso à nação proferido na quarta-feira pelo Presidente russo, Vladimir Putin, juntamente com o da mobilização de 300.000 reservistas russos para combater na Ucrânia e de uma ameaça velada de utilização de armas nucleares contra o Ocidente.

De imediato surgiram críticas dos países ocidentais e organizações internacionais ao discurso de Putin, que classificaram como uma nova tentativa de escalada do conflito por parte do chefe de Estado russo.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também se pronunciou sobre tais declarações, afirmando-se "profundamente preocupado" com os planos de Moscovo de efetuar referendos sobre a adesão de territórios ucranianos ocupados à Federação russa.

Numa reunião do Conselho de Segurança realizada na quarta-feira, Guterres sublinhou que "qualquer anexação do território de um Estado por outro Estado resultante da ameaça ou uso da força é uma violação da Carta da ONU e do direito internacional".

O membro sérvio da Presidência bósnia, Milorad Dodik, declarou em Moscovo que está disposto a enviar observadores para o referendo nas regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, leste da Ucrânia, para a sua integração na Rússia, segundo a imprensa bósnia.

O líder nacionalista dos sérvios-bósnios, citado pelo portal Klix, considerou os referendos uma decisão autónoma dos cidadãos, apesar de decorrerem num cenário de guerra e com ausência de garantias.

A convocação destas consultas populares nos territórios ocupados pelas forças russas segue-se ao referendo de adesão à Rússia realizado em 2014 pelas autoridades russófonas na Crimeia e cujo resultado legitimou a anexação da península por Moscovo.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.916 civis mortos e 8.616 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: Zelensky. Protestos russos? "Protestem! Lutem! Fujam! Ou então rendam-se"

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