Giorgia Meloni, do partido Fratelli d'Italia, em coligação com a Liga, pode conseguir uma vitória sem precedentes para a direita nas legislativas do próximo domingo, dia 25 de setembro.
Meloni avançou em entrevista à televisão italiana RAI que os partidos de direita vão concordar nas prioridades políticas, apesar dos recentes desentendimentos, caso vençam as eleições no domingo.
Assim, o Fratelli d'Italia deverá coligar-se com a Lega, de Matteo Salvini, e com o Forza Italia, de Silvio Berlusconi.
Se tal acontecer, este será o regresso da extrema-direita à liderança do executivo italiano desde a queda de Benito Mussolini que, para Meloni, é uma inspiração e foi "um bom político".
Nascida em Roma em 1977, aos 15 anos juntou-se à juventude do Movimento Social Italiano, partido neofascista, fundado imediatamente após a Segunda Guerra Mundial por seguidores do ditador Benito Mussolini. Tem como lema "Deus, Pátria e Família" e chegou a ser ministra da Juventude num governo de Silvio Berlusconi.
O Irmãos de Itália, partido de extrema-direita liderado e co-fundado por Giorgia Meloni, nasceu em 2012, fruto de dissidentes do partido de centro-direita O Povo da Liberdade, na altura presidido por Berlusconi.
Em 2019, Meloni definiu-se como "mulher, mãe, italiana e cristã" - mote que usa tal como "Deus, Pátria e Família" - e tem sido o verdadeiro fenómeno de popularidade destas legislativas.
De acordo com a imprensa italiana, a líder deu ordens para que os membros do partido evitassem declarações extremistas e até fazerem em público a “saudação romana”, gesto semelhante à saudação nazi, mas as amenizações não escondem os valores que o Meloni e o partido Fratelli d'Italia defendem. Posições sobre contra a interrupção voluntária da gravidez, enfraquecimento da autoridade da União Europeia, fluxos migratórios, rejeição do casamento homossexual e defesa dos "valores da famílias" são apenas alguns exemplos.
Já líder de 45 anos já teceu largos elogios a Mussolini, mas garante que a direita italiana há muito que deixou o fascismo para trás, definindo-se como "pós-fascista".
Entre os seus principais apoiantes estão, por exemplo, negacionistas da Covid-19 e eurocéticos.
Segundo o especialista político Lorenzo Pregliasco, caso se venha a verificar uma maioria do centro direita no Senado e este ocupe dois terços dos lugares no Parlamento, os reflexos podem ser profundos.
"Com 2/3 do Parlamento, pode-se mudar a Constituição sem a necessidade de realização de referendos ou votações que confirmem as reformas, o que pode constituir uma situação sem precedentes em Itália", disse académico da Universidade de Bolonha, alterando, por exemplo, o sistema presidencial de Itália.
"Mesmo assim, não vejo perigos para a democracia em Itália, em comparação com anos 1920. Há uma coincidência peculiar porque se Meloni vier a ser escolhida primeira-ministra toma posse no final de outubro de 2022, exatamente cem anos após (o ditador) Benito Mussolini ter assumido o poder em Itália (outubro de 1922)", disse Pregliasco.
Os italianos vão eleger um novo Governo, na sequência da demissão do primeiro-ministro cessante, Mário Draghi, em 21 de julho, devido ao abandono de um dos partidos da coligação governamental, o Movimento 5 Estrelas.
Nestes dois meses, as sondagens mostram que os Irmãos de Itália e a sua líder, Giorgia Meloni, são favoritos nas intenções de voto, sendo provável que uma coligação de direita consiga uma vitória sem precedentes.
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