Aliados de Putin questionam mobilização e admitem "queixas"

Até dois dos maiores apoiantes do presidente criticaram a forma como o recrutamento está a ser feito, fugindo aos critérios definidos pelo Ministério da Defesa.

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Notícias ao Minuto
25/09/2022 11:59 ‧ 25/09/2022 por Notícias ao Minuto

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Rússia

A mobilização militar parcial anunciada por Vladimir Putin está a ser acolhida com muitos protestos e dissidência pelo povo russo, mas dentro do Kremlin, a situação também não é completamente harmoniosa.

Segundo conta a agência Reuters este domingo, dois dos principais legisladores russos, fiéis ao regime, admitiram uma série de queixas contra a mobilização de centenas de milhares de pessoas, pedindo declaradamente às autoridades regionais que travem os "excessos" que resultaram em revolta popular.

As autoridades têm recrutado à força homens em idade adulta, sem qualquer experiência militar, ao contrário do que tinha sido indicado pelo Ministério da Defesa.

Valentina Matviyenko, a presidente da câmara alta do parlamento russo, e uma das mais fiéis apoiantes de Putin na política russa, considerou que este tipo de recrutamento é "absolutamente inaceitável". "Eu considero absolutamente justo que tenha gerado uma forte reação na sociedade", afirmou Matviyenko na rede social Telegram, citada pela Reuters.

A presidente do Conselho da Federação também apontou o dedo aos governadores regionais, que considera terem "total responsabilidade" no abuso de poder no recrutamento, apelando que seja "assegurada a implementação da mobilização parcial, no completo e absoluto cumprimento dos critérios definidos.

"Sem um único erro", vincou.

Também Vyachslav Volodin, 'speaker' da Duma, a câmara baixa do parlamento, mostrou-se preocupado com as "queixas recebidas".

"Se foi cometido um erro, é necessário corrigi-lo. As autoridades em todos os níveis devem entender as suas responsabilidades", referiu Volodin.

Tratando-se de dois dos maiores apoiantes do Kremlin na política russa, resta saber como será a reação de Putin a estas críticas de dentro do regime.

O presidente Vladimir Putin anunciou a mobilização na quarta-feira, perante as constantes retiradas e avolumadas baixas na guerra na Ucrânia, particularmente no Donbass. Pouco depois do anúncio, voos para fora do país esgotaram num curtíssimo espaço de tempo, e nas estradas para a Finlândia e para a Geórgia formaram-se filas de milhares de carros.

As autoridades oficiais apontaram para cerca de 300 mil russos recrutados para combater na Ucrânia, mas dois relatórios diferentes de órgãos independentes apontaram que poderão ser mobilizados mais de um milhão de cidadãos.

Vídeos nas redes sociais têm circulado de polícias russos a arrastar jovens para o interior de autocarros, uma situação que tem despoletado muita tensão, especialmente nos centros mais urbanos - como Moscovo ou São Petersburgo -, onde a adesão à guerra não é tão forte.

Mais de 2.000 pessoas já foram detidas desde quarta-feira em protestos contra a mobilização e a guerra na Ucrânia, e este domingo já foram vistas manifestações nas regiões mais isolados do país, como nas zonas mais a leste na Sibéria.

Leia Também: Mobilização para guarda nacional russa é "possibilidade realista"

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