O presidente russo Vladimir Putin poderá anunciar a adesão formal dos territórios ocupados na Ucrânia à Federação Russa, depois da conclusão esta terça-feira dos referendos realizados sob duras críticas pela comunidade internacional.
No relatório diário publicado esta terça-feira através do Twitter, o Ministério da Defesa do Reino Unido informou que Putin vai discursar para as duas câmaras do parlamento na sexta-feira, dia 30 de setembro, prevendo-se que o anúncio surja nessa altura.
"Há uma possibilidade realista de que Putin usará este discurso para anunciar formalmente a adesão das regiões ocupadas da Ucrânia à Federação Russa", escrevem os serviços secretos britânicos.
Latest Defence Intelligence update on the situation in Ukraine - 27 September 2022
— Ministry of Defence 🇬🇧 (@DefenceHQ) September 27, 2022
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O Reino Unido acrescenta que os líderes russos poderão aguardar com antecipação pelo anúncio, considerando que existe a expectativa que "qualquer anúncio de adesão seja visto como justificação para a 'operação militar especial' e que consolide apoio patriótico sobre o conflito".
No entanto, reiteram os britânicos, "esta aspiração será provavelmente minada pela crescente perceção doméstica dos contratempos da Rússia no campo de batalha, e pelo desconforto significativo sobre a mobilização parcial anunciada na semana passada".
Dentro de portas, a Rússia continua a lidar com vários protestos contra o recrutamento forçado de homens civis para o campo de batalha, especialmente em regiões mais remotas e onde a etnia russa é uma minoria. No Daguestão, por exemplo, vários especialistas têm alertado para o aumento exponencial da dissidência em relação ao Kremlin e ao Estado russo, e a polícia tem tido dificuldades em suprimir os protestos contra a mobilização.
Muitos, em vez de protestar, optaram antes por sair do país. Com as viagens de avião esgotadas no espaço de horas após o anúncio da mobilização, as fronteiras terrestres com a Geórgia, a Mongólia, a Finlândia e o Azerbeijão ficaram rapidamente entupidas com filas de carros. O órgão independente russo Meduza estima que já tenham saído do país mais de 250 mil pessoas após o anúncio de Putin.
Quanto aos referendos, os aliados no Ocidente têm reafirmado que não irão reconhecer os resultados das eleições que terminam esta terça-feira, apontando o dedo à forte opressão militar que acompanhou a realização do sufrágio - com os eleitores a serem visitados porta a porta por soldados russos. Foram realizados referendos nas regiões de Kherson e Zaporíjia, além das autoproclamadas repúblicas separatistas de Lugansk e Donetsk.
A guerra na Ucrânia já fez mais de 5.900 mortos entre a população civil ucraniana, segundo contam os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. No entanto, a organização adverte que o real número de mortos civis poderá ser muito superior, dadas as dificuldades em contabilizar mortos em zonas ocupadas ou sitiadas pelos russos - em Mariupol, por exemplo, estima-se que tenham morrido milhares de pessoas.
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