Depois de meses enquanto prisioneiros de guerra às mãos de Moscovo, os comandantes responsáveis pela defesa da siderúrgica de Azovstal, em Mariupol, reuniram-se com as suas famílias, na Turquia.
Esta segunda-feira, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, partilhou um vídeo do momento nas redes sociais, assegurando que a Ucrânia "não parará" até que "toda gente esteja em casa".
“Uma reunião tão esperada. Os comandantes de Azovstal reuniram-se com as suas famílias, pela primeira vez desde que foram libertados do cativeiro pelas forças russas”, escreveu o chefe de Estado.
Zelensky salientou ainda que “todos são importantes”, reiterando que “uma pessoa tem o maior valor para a Ucrânia".
Nas imagens divulgadas, um primeiro momento mostra as famílias a chegar ao local de encontro, visivelmente ansiosas. Enquanto aguardam, um outro plano retrata a chegada dos soldados libertados que, com sorrisos rasgados, caminham em direção à câmara. Quando surgem na porta da sala onde os familiares os aguardam, uma onda de abraços, sorrisos, e lágrimas marcam o esperado reencontro.
Os soldados, identificados como Denys Prokopenko, Serhiy Volynskyi, Svyatoslav Palamar, Denys Shlega, e Oleg Homenko, foram também recebidos pela primeira dama ucraniana, Olena Zelenska, e pelo chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andriy Yermak, que expressou a sua “gratidão e respeito” pela sua “coragem e resiliência”.
"Temos de libertar todos os que permanecem em cativeiro russo e detidos, todos os que foram deportados à força. Vocês entendem como isso é importante. As pessoas são a coisa mais valiosa para a Ucrânia. E estamos a lutar arduamente pelo regresso de cada um dos nossos guerreiros e de todos os civis", disse o responsável, citado em comunicado.
Yermak, que apresentou o título de Herói da Ucrânia e a Ordem da Estrela Dourada aos cinco soldados, salientou também os desafios enfrentados pelas famílias dos militares enquanto estiveram em cativeiro, enfatizando os seus esforços para os libertar.
“Os vossos familiares lutaram persistentemente pela vossa libertação. Eles esperam-vos há tanto tempo”, reiterou, desejando que melhorem rapidamente dos seus ferimentos.
O chefe do gabinete presidencial apontou ainda que a defesa de Mariupol e da siderúrgica de Azovstal ficou para a história como um símbolo da coragem e da resiliência do povo ucraniano, e assim permanecerá durante várias gerações.
Recorde-se que, a 21 de setembro, Kyiv recuperou dez estrangeiros (cinco britânicos, dois norte-americanos, um marroquino, um sueco e um croata) e 205 ucranianos, incluindo os chefes de defesa da siderúrgica de Azovstal, símbolo de resistência à invasão russa.
Em troca, Moscovo recebeu 55 russos e o ex-deputado ucraniano Viktor Medvedchuk, considerado próximo do presidente russo, Vladimir Putin, e acusado de alta traição por Kyiv.
Após a troca, Kyrylo Budanov, chefe do departamento de inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia, denunciou que muitos dos ucranianos entregues a Kyiv por Moscovo foram “brutalmente torturados”.
O responsável adiantou também que alguns tinham uma condição física “mais ou menos normal”, apesar da “desnutrição crónica devido às más condições prisionais”.
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