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Musk debaixo de fogo após plano para "paz" entre a Ucrânia e a Rússia

Foram várias as figuras que responderam ao empresário, criticando a sua 'solução' para colocar termo ao conflito.

Musk debaixo de fogo após plano para "paz" entre a Ucrânia e a Rússia

Elon Musk, fundador da Tesla e da Space X, é conhecido por partilhar as suas opiniões na rede social Twitter – que até tencionava comprar. Esta segunda-feira, o ‘alvo’ do magnata foi o conflito entre a Ucrânia e a Rússia, propondo uma ‘solução’ para encontrar a “paz” entre os dois países. Contudo, o seu plano valeu-lhe críticas de várias figuras, incluindo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

O empresário começou por sugerir que os referendos quanto à anexação de Donetsk, Luhansk, Zaporíjia (Zaporizhzhia) e Kherson fossem refeitos com a supervisão da Organização das Nações Unidas (ONU), mediante a garantia de que a Rússia se retiraria, caso fosse essa a vontade da população.

Além disso, a Crimeia teria fornecimento de água assegurado e ficaria em mãos russas já que, até 1783, era formalmente um território daquele país.

Por fim, a Ucrânia teria de se manter neutra, contrariando a sua ambição de aderir à NATO.

O plano culminou com uma sondagem de ‘Sim’ e ‘Não’, na qual o ‘Não’ ganha com 62.8%, até ao momento.

Para o magnata, isto será “muito provavelmente” o que acontecerá, sendo a questão apenas “quantas mais [pessoas] morrerão até lá”.

“Também é importante notar que um possível, ainda que improvável, desfecho deste conflito seja uma guerra nuclear”, apontou.

As reações à ‘solução’ de Musk não tardaram, destacando-se a do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que criou a sua própria sondagem.

“De qual Elon Musk gostam mais?”, questionou o chefe de Estado. Até ao momento, a opção “de um que apoia a Ucrânia” está na liderança, com 83.7% dos votos, ao passo que a alternativa, “de um que apoia a Rússia”, conta com 16.3% dos votos.

Por seu turno, o conselheiro do presidente ucraniano, Mikhail Podolyak, assegurou haver “uma proposta melhor”.

“A Ucrânia recupera o seu território, incluindo a Crimeia. A Rússia procede à desmilitarização e desnuclearização obrigatórias, e deixa de ser uma ameaça. Os prisioneiros de guerra são julgados por um tribunal internacional”, enumerou.

O Parlamento ucraniano foi taxativo, respondendo com um simples “não”.

Já Andrij Melnyk, embaixador da Ucrânia na Alemanha, foi mais longe.

“Vai-te lixar é a minha resposta muito diplomática”, lançou.

Perante a onda de críticas, Musk optou por outra abordagem, questionando os internautas se considerariam deixar a população da Crimeia e do Donbass decidir se os territórios fazem parte da Ucrânia ou da Rússia. Até ao momento, 55,5% votou ‘Sim’, seguido de perto pelo ‘Não’, com 44,5%.

“Está a tentar legitimar pseudo-referendos que foram realizados sob ameaças de armas, perseguição, e tortura em massa? Mau caminho”, reagiu Podolyak.

Desta vez, Musk respondeu ao conselheiro do presidente ucraniano, rejeitando essa hipótese.

“Estou a sugerir uma votação sob a supervisão da ONU (ou escolha a entidade ou país em que mais confia). Talvez uma abordagem semelhante à do Kosovo”, esclareceu.

“Querido Elon Musk, quando alguém tenta roubar as rodas do seu Tesla, isso não faz dele o dono legal do carro ou das rodas. Mesmo que aleguem que ambos votaram a favor. Estou só a dizer”, atirou o presidente da Lituânia, Gitanas Nausėda.

Também o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, comentou as declarações de Musk, ainda que indiretamente. Para o responsável, “aqueles que propõem que a Ucrânia desista do seu povo e território – presumivelmente para não ferir o ego magoado de Putin ou salvar a Ucrânia do sofrimento – devem parar de usar a palavra ‘paz’ como eufemismo para ‘deixar os russos assassinarem e violarem milhares de ucranianos inocentes, e conseguirem mais território’”, acusou.

Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

Leia Também: Anexações são "direito consagrado na Carta da ONU", diz embaixador russo

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