Nobel da Paz vai para ativista e duas ONG - uma russa e uma ucraniana

O Prémio Nobel da Paz foi hoje atribuído em Oslo, na Noruega, num momento em que a Europa testemunha uma nova guerra após a invasão russa da Ucrânia, iniciada há quase oito meses.

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© ANDERS WIKLUND/TT News Agency/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto
07/10/2022 10:04 ‧ 07/10/2022 por Notícias ao Minuto

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Já são conhecidos os vencedores do Prémio Nobel da Paz de 2022. O galardão foi atribuído ao ativista bielorrusso Ales Bialiatski e a duas organizações de direitos humanos - uma russa, a Memorial, e uma ucraniana, a Center for Civil Liberties.

Os laureados "representam a sociedade civil nos seus países de origem. Há muitos anos que promovem o direito de criticar o poder e proteger os direitos fundamentais dos cidadãos. Fizeram um esforço notável para documentar crimes de guerra, abusos dos direitos humanos e abuso de poder. Juntos, demonstram a importância da sociedade civil para a paz e a democracia", pode ler-se no comunicado da do Comité Nobel Norueguês. 

O Comité quis "homenagear três destacados campeões de direitos humanos, democracia e coexistência pacífica nos países vizinhos Bielorrússia, Rússia e Ucrânia", que "através dos seus esforços consistentes a favor de valores humanistas, antimilitaristas e princípios de direito (...) revitalizaram e honraram a visão de paz e fraternidade entre as nações de Alfred Nobel – uma visão mais necessária no mundo de hoje".

Ales Bialiatski

O ativista Ales Bialiatski, de 60 anos, foi um dos iniciadores do movimento democrático que surgiu na Bielorrússia em meados da década de 80. "Dedicou a vida a promover a democracia e o desenvolvimento pacífico no seu país de origem", é referido, acrescentando que "entre outras coisas, fundou a organização Viasna (Primavera), em 1996, em resposta às polémicas emendas constitucionais que deram ao presidente poderes ditatoriais e que desencadearam manifestações generalizadas". 

"As autoridades governamentais tentaram repetidamente silenciar Ales Bialiatski. Foi preso de 2011 a 2014. Após grandes manifestações contra o regime em 2020, foi novamente preso. Ainda está detido sem julgamento. Apesar das enormes dificuldades pessoais, Bialiatski não cedeu um centímetro na sua luta pelos direitos humanos e pela democracia na Bielorrússia", sublinham.

Memorial

A organização de direitos humanos Memorial foi criada em 1987 por ativistas na antiga União Soviética que queriam garantir que as vítimas da opressão do regime comunista nunca fossem esquecidas. O vencedor do Prémio Nobel da Paz Andrei Sakharov está entre os fundadores. 

"Como parte do assédio do governo à Memorial, a organização foi marcada como 'agente estrangeiro'. Em dezembro de 2021, as autoridades decidiram que acabaria à força e o centro de documentação seria fechado permanentemente", explicam. O encerramento tornou-se efetivo nos meses seguintes, mas as pessoas responsáveis pela associação recusam-se. Num comentário sobre a dissolução forçada, o presidente Yan Rachinsky declarou: "Ninguém planeia desistir".

Center for Civil Liberties

Já o Center for Civil Liberties foi fundado em Kyiv em 2007 com o "objetivo de promover os direitos humanos e a democracia na Ucrânia", bem como "fortalecer a sociedade civil ucraniana e pressionar as autoridades para tornar o país uma democracia de pleno direito". A associação tem defendido ativamente que a Ucrânia se afilie ao Tribunal Penal Internacional".

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, "o Center for Civil Liberties empenhou-se em identificar e documentar crimes de guerra russos contra a população civil ucraniana. Em colaboração com parceiros internacionais, desempenha um papel pioneiro no sentido de responsabilizar as partes culpadas pelos seus crimes".

Antes de anunciar o vencedor, às 11h00 em Oslo (10h00 em Lisboa), o Comité Nobel divulgou o número de candidatos, que este ano foi de 343 (251 dos quais são pessoas e 92 organizações). Um número superior aos 329 candidatos do ano passado e o segundo mais elevado de sempre, pertencendo o recorde aos 376 candidatos nomeados em 2016.

Como acontece também nas outras categorias, as identidades de quem nomeia e dos nomeados ao prémio Nobel da Paz só podem ser divulgadas 50 anos após a nomeação, assim como investigações e pareceres relacionados com a atribuição de um prémio.

Em 2021, o galardão foi atribuído aos jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Muratov, da Rússia, pela defesa da liberdade de imprensa e de expressão.

A cerimónia de entrega do Nobel da Paz realiza-se a 10 de dezembro (no dia da morte de Alfred Nobel) em Oslo, na Noruega, onde os laureados recebem o prémio, que consiste numa medalha e num diploma, juntamente com um documento que confirma o montante monetário do galardão, que este ano é de 10 milhões de coroas suecas (cerca de 919 mil euros, no câmbio atual) a dividir pelas várias categorias.

[Notícia atualizada às 10h35]

Leia Também: Prémio Nobel da Literatura vai para a francesa Annie Ernaux

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