O prémio foi atribuído ao ativista bielorrusso Ales Bialiatski, que se encontra preso, à organização russa Memorial, alvo de uma ordem de dissolução em Moscovo, e ao Centro para as Liberdades Civis ucraniano, que está a trabalhar para documentar "crimes de guerra russos" na Ucrânia.
Putin, que lançou a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro deste ano, celebra hoje o seu 70.º aniversário.
"Este prémio não é dirigido a Vladimir Putin no seu aniversário ou em qualquer outro sentido, exceto que o seu governo, tal como o governo bielorrusso, é um governo autoritário que reprime os ativistas dos direitos humanos", disse a presidente do comité, Berit Reiss-Andersen.
Momentos antes, Reiss-Andersen tinha anunciado a atribuição do prémio a "três destacados campeões dos direitos humanos, da democracia e da coexistência pacífica nos três países vizinhos da Bielorrússia, Rússia e Ucrânia".
Com esta decisão, o comité não passou ao lado da guerra na Ucrânia, que mergulhou a Europa na mais grave crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Os cinco membros do comité disseram que os laureados deste ano "revitalizaram e honraram a visão de Alfred Nobel de paz e fraternidade entre nações", que consideraram ainda "mais necessária no mundo de hoje".
O químico e engenheiro sueco Alfred Nobel (1833-1896) deixou a sua fortuna para criar um prémio com o seu nome em diversas áreas.
Em relação à paz, segundo o comité norueguês, Nobel estipulou que deveria distinguir o trabalho "pela fraternidade entre nações, pela abolição ou redução de exércitos permanentes e pela realização e promoção de congressos de paz".
Desde 1901, o Nobel da Paz foi atribuído 102 vezes, a 91 homens, 18 mulheres e 25 organizações, num total de 134 laureados.
A lista inclui o atual presidente timorense, José Ramos-Horta, e o bispo Ximenes Belo, distinguidos em 1996, pelo "seu trabalho para uma solução justa e pacífica do conflito em Timor-Leste".
Trata-se do segundo ano consecutivo em que Putin vê um seu crítico a receber o Nobel da Paz.
Em 2021, o jornalista Dmitry Muratov, editor-chefe do jornal independente Novaya Gazeta, entretanto suspenso, foi laureado conjuntamente com a também jornalista filipina Maria Ressa, pela defesa da liberdade de imprensa e de expressão.
Dos distinguidos hoje, o Centro para as Liberdades Civis foi citado pelos seus "esforços para identificar e documentar crimes de guerra russos contra a população civil ucraniana".
A Memorial - fundada em 1989 por outro Prémio Nobel da Paz, o físico soviético Andrei Sakharov (1975) - é considerada como um ator-chave na defesa dos direitos na Rússia, segundo a agência francesa AFP.
Quanto a Ales Bialiatski, o comité Nobel distinguiu um dos símbolos da oposição ao regime de um aliado de Putin na guerra da Ucrânia, o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.
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