Paris alerta para "prisões arbitrárias" e insta cidadãos a deixarem Irão
Os franceses que se encontram em viagem pelo Irão foram instados a deixar o país "o mais rápido possível", devido aos riscos de detenção arbitrária a que estão expostos, alertou esta sexta-feira o Ministérios dos Negócios Estrangeiros francês.
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Mundo Irão
"Qualquer visitante francês, incluindo binacionais, está exposto a um alto risco de prisão, detenção arbitrária e julgamento injusto", indicou o ministério na mais recente atualização de conselhos de viagem no seu 'site'.
A diplomacia francesa especifica que "este risco também diz respeito às pessoas que fazem uma simples visita turística" e que "em caso de prisão ou detenção, o respeito pelos direitos fundamentais e a segurança pessoal não são garantidos".
A atualização pelo governo francês ocorre após a transmissão na televisão oficial iraniana de "confissões" por parte de dois cidadãos franceses, detidos em maio e acusados de espionagem.
Através de um vídeo, descrito como "encenação indigna e revoltante", a diplomacia francesa pediu também a "libertação imediata" dos dois franceses, Cécile Kohler e Jacques Paris.
Estes dois franceses, membros de um sindicato de professores, foram presos em maio, quando o Irão foi palco de manifestações de professores exigindo reformas para o aumento dos salários e a libertação de colegas presos em mobilizações anteriores.
Além de Kohler e Paris, outros dois franceses estão detidos no Irão, país acusado por organizações não-governamentais (ONG) de praticar a diplomacia de reféns para negociar a seu favor no cenário internacional.
"A capacidade da Embaixada da França em Teerão de fornecer proteção consular a cidadãos detidos no Irão é muito restrita", sublinha ainda a nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que já tinha classificado todo o território iraniano como "vermelho".
O Irão regista atualmente um movimento de protesto, com mulheres iranianas na linha da frente, após a morte de Mahsa Amini, a jovem que morreu sob custódia policial após ser detida pela chamada polícia da moralidade iraniana.
Mais de 150 pessoas já morreram na sequência da repressão exercida pelas forças de segurança iranianas contra os protestos, segundo denunciaram organizações não-governamentais (ONG).
O regime iraniano efetuou centenas de detenções e impôs severas restrições no acesso às redes sociais. Teerão também acusou forças externas de inflamarem os protestos, em particular os Estados Unidos e Israel.
As autoridades iranianas afirmaram esta sexta-feira que a morte de Mahsa Amini não foi provocada por "golpes" mas por sequelas de uma doença.
Detida em 13 de setembro pela polícia da moralidade em Teerão por ter infringido o estrito código sobre o uso de vestuário feminino previsto nas leis da República islâmica, em particular o uso do véu, esta curda iraniana morreu três dias mais tarde no hospital.
Diversos militantes da oposição afirmaram que foi ferida na cabeça durante a sua detenção. As autoridades iranianas desmentiram qualquer contacto físico entre a polícia e a jovem mulher e referiram que aguardavam o resultado do inquérito.
"A morte de Mahsa Amini não foi provocada por golpes infligidos na cabeça ou em órgãos vitais" mas está relacionada com "uma intervenção cirúrgica de um tumor cerebral quanto tinha oito anos de idade", indicou um relatório da organização médico-legal iraniana, e enquanto o seu pai Amjad Amini indicou que a sua filha estava de "perfeita saúde".
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