As eleições acontecem nove meses antes do término do mandato do parlamento, após o pedido de eleições antecipadas feito pelo partido do primeiro-ministro [Organização Nacional dos Malaios Unidos/United Malays National Organisation-UMNO].
O UMNO, o maior partido da coligação governamental, está em disputa com os seus aliados e com as eleições antecipada pretende uma grande vitória.
Ismail disse que se encontrou no domingo com o rei da Malásia, Abdullah Sultan Ahmad Shah, que concordou com a dissolução.
O primeiro-ministro malaio declarou que decidiu convocar eleições antecipadas para rebater as críticas à legitimidade do seu Governo -- o terceiro desde as eleições de 2018.
"Com este anúncio, o mandato será devolvido ao povo. O mandato do povo é um poderoso antídoto" para criar um governo firme e estável, disse Ismail num discurso transmitido pelas televisões locais.
Espera-se que a Comissão Eleitoral malaia se reúna dentro de uma semana para anunciar uma data para o sufrágio, que deve ser realizado dentro de 60 dias a partir da dissolução do Parlamento.
É provável que seja realizado no início de novembro, antes da estação das monções, que geralmente trazem inundações devastadoras.
Os aliados do UMNO no governo e os partidos da oposição protestaram contra os planos de realizar eleições durante a estação das monções, que no ano passado matou mais de 50 pessoas e desalojou milhares.
Entretanto, os principais líderes da UMNO decidiram recentemente que as eleições devem ser convocadas este ano para que o UMNO capitalize o apoio dos eleitores de etnia malaia e a desordem na oposição.
"Ismail Sabri sucumbiu à pressão do seu partido UMNO, cumprindo um mandato mais curto como primeiro-ministro e está a promover eleições durante a perigosa estação de inundações de monções", disse Bridget Welsh, especialista sudeste asiático da Universidade de Nottingham, na Malásia.
"O UMNO acredita que tem a vantagem com as sondagens antecipadas e manteve a pressão, pois espera retornar ao poder como o partido dominante", afirmou a especialista.
O UMNO liderava a Malásia desde a sua independência do Reino Unido em 1957, mas foi retirado do poder nas eleições de 2018 devido a um escândalo financeiro multimilionário que levou o ex-primeiro-ministro Najib Razak a ser condenado a 12 anos de prisão por corrupção.
O atual presidente do partido, Ahmad Zahid Hamidi, também está a ser julgado por corrupção.
O UMNO voltou ao poder em março de 2020 como integrante de uma coligação do governo, principalmente muçulmano, depois de a aliança reformista liderada pelo ex-primeiro-ministro Mahathir Mohamad ter entrado em colapso por ter perdido os seus apoios.
O novo governo formado em 2020 era instável devido ao reduzido apoio no Parlamento e o então primeiro-ministro Muhyiddin Yassin foi forçado a renunciar ao cargo 17 meses depois.
Ismail, que era vice de Muhyiddin, foi nomeado pelo rei em agosto de 2021 para assumir o Governo, devolvendo o cargo de primeiro-ministro à UMNO.
Entretanto, o UMNO permaneceu em desacordo com o partido Bersatu, de Muhyiddin, e outro aliado islâmico, que disputam o apoio de muçulmanos de etnia malaia, que representam mais de 60% dos 33 milhões de habitantes da Malásia.
No seu discurso de hoje, Ismail também pediu a dissolução das assembleias estaduais para permitir que as eleições nos estados fossem realizadas ao mesmo tempo.
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