"O treino de combatentes na Polónia, na Lituânia e na Ucrânia inclui radicais bielorrussos, para efetuarem sabotagens, atos terroristas, e um levantamento militar no país tornou-se numa ameaça direta", declarou no decurso de uma reunião com responsáveis militares, acusando ainda a União Europeia e Estados Unidos de pretenderem "agravar a situação".
"Os Estados Unidos e a União Europeia afirmam que pretendem legitimar os nossos fugitivos como uma força política, preveem reforçar seriamente o seu apoio a elementos destrutivos e agravar a situação na fronteira ocidental [bielorrussa] para abrir uma segunda frente", acrescentou o líder de Minsk, de acordo com uma nota da presidência.
Lukashenko considerou "absurdo" que a Ucrânia abra uma segunda frente na fronteira bielorrussa, mas acusou o ocidente de pressionar para o início desta nova fase da guerra, ao indicar que Kiev "planeia ataques em território bielorrusso" e definindo como uma "loucura do ponto de vista militar" a abertura de uma segunda frente.
"No entanto, o processo começou. Estão a ser pressionados pelos seus patrões para desencadearem uma guerra contra a Bielorrússia com o objetivo de nos envolver e lidarem com a Rússia e a Bielorrússia em simultâneo", referiu, citado pela agência noticiosa BelTA.
"Ontem, através de canais não oficiais, preveniram-nos de um ataque em preparação à Bielorrússia e a partir de território ucraniano", assegurou Lukashenko, ao considerar que Kiev pretende "uma ponte da Crimeia número 2", numa referência à ponte russa danificada no sábado por uma explosão.
Disse ainda ter transmitido uma mensagem ao Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, intimidando-o a não tocar "com as suas mãos sujas num único metro de território" bielorrusso.
Em consequência deste desenvolvimento, Minsk e Moscovo vão deslocar um agrupamento militar comum, revelou, sem precisar a sua localização.
A Bielorrússia, aliada da Rússia no seu conflito com a Ucrânia, já disponibilizou o seu território ao Exército de Moscovo para a sua ofensiva na Ucrânia, mas as Forças Armadas bielorrussas não se envolveram até ao momento em combates no território ucraniano.
Neste contexto, e na sequência dos ataques de mísseis e drones russos a diversas cidades ucranianas, Zelensky manteve uma conversa telefónica com o seu homólogo polaco, Andrzej Duda.
"Após ao ataque de hoje contra Kiev outras cidades da Ucrânia, foram efetuadas consultas urgentes entre os presidentes Duda e Zelensky", indicou a presidência polaca em mensagem no Twitter.
Por sua vez, o dirigente ucraniano disse estar a "coordenar as medidas a tomar" e manifestou que ambos "trabalharão para consolidar o apoio internacional e reforçar as capacidades militares da Ucrânia", enquanto procuram "reconstruir o destruído" e "isolar ainda mais a Rússia".
Na manhã de hoje, o Exército russo bombardeou diversas zonas de Kiev, Kharkiv, Dnipro e Jitomir, entre outras, com mais de 80 mísseis lançados contra território ucraniano.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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