O conflito entre os povos Teke e Yaka, devido a divergências sobre o pagamento de taxas pelo uso da terra, desencadeou uma espiral de violência "preocupante" e "nunca vista até agora" no oeste da RDCongo, disse hoje a representante do ACNUR no país, Angele Dikongue-Atangana, em conferência de imprensa.
A violência concentra-se especialmente na cidade de Kwamouth, localizada a cerca de 300 quilómetros a norte de Kinshasa e nas margens do rio Congo, que foi parcialmente abandonada por causa do conflito.
"Muitas famílias deixaram a região à medida que os combates foram alastrando, algumas caminharam durante dias para chegar a uma zona segura, a 245 quilómetros de distância", afirmou Dikongue-Atangana.
Cerca de 27 mil pessoas, maioritariamente mulheres e crianças, refugiaram-se em zonas seguras na mesma província ou na vizinha Kwilu, enquanto outras 2.600 atravessaram o rio em canoas e estão no país vizinho República do Congo, adiantou a porta-voz.
Para aquela responsável, o conflito representa uma escalada de violência numa região, no oeste da RDCongo, que não teve os níveis de confrontos registados no leste do país, devastado há anos por disputas de poder entre grupos armados, alguns deles com operações também em países vizinhos como Uganda, Ruanda ou Burundi.
De acordo com o representante do ACNUR, a ajuda aos afetados por esta onda de violência está a ser dificultada pelas fortes chuvas que recentemente atingiram a região, e que, em muitos casos, impedem o acesso de veículos com assistência humanitária.
Esta ajuda também é dificultada pela insuficiência de financiamento do ACNUR na região, acrescentou, lembrando que apenas 40% do orçamento previsto para este ano por aquela agência das Nações Unidas na RDCongo está assegurado, sendo a percentagem ainda mais baixa (16%) na República do Congo.
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