Samuel Kwesi Koufie - o pescador de origem ganesa que, em fevereiro, sobreviveu ao naufrágio de um pesqueiro galego em Terra Nova, no Canadá - tem agora nacionalidade espanhola. A decisão foi publicada no Boletim Oficial do Estado espanhol (BOE) esta quarta-feira, dia em que se assinala o Dia da Hispanidade
“Por proposta da ministra da Justiça, dadas as circunstâncias excecionais do senhor Samuel Koufie, e após deliberação do Conselho de Ministros, na sua reunião de 11 de outubro de 2022, concedo nacionalidade espanhola ao senhor Samuel Koufie", lê-se na decisão, assinada pela ministra da Justiça, Pilar Llop.
Segundo o jornal espanhol El Mundo, o pescador, de 34 anos, chegou à cidade galega de Vigo há mais de 10 anos como clandestino.
A atribuição da nacionalidade espanhola surge numa altura em que o testemunho de Samuel Koufie é visto como “uma peça-chave” na investigação do Ministério Público espanhol sobre as causas do naufrágio.
Recorde-se embarcação ‘Villa Pitanxo’, de uma empresa da cidade de Marín, na Galiza, afundou a 15 de fevereiro a 450 quilómetros da costa canadiana. Nove tripulantes morreram, doze permanecem desaparecidos e apenas três sobreviveram. Entre os sobreviventes está o pescador, o capitão do barco e o seu sobrinho.
Decorre atualmente uma investigação para averiguar se a empresa responsável pela embarcação cometeu crimes de homicídio por negligência, além de violações dos direitos dos trabalhadores.
Questionados pelas autoridades, o pescador e o capitão e o seu sobrinho apresentaram testemunhos diferentes sobre o ocorrido.
De acordo com a versão do capitão, o naufrágio ocorreu devido a uma paragem da maquinaria quando o navio estava a fazer uma manobra. Contudo, o pescador revela que, na altura do naufrágio, os tripulantes estavam a puxar redes de pesca carregadas, apesar das fortes rajadas e ondulação.
O navio não terá conseguido puxar o equipamento de volta e começou a adernar. Foi neste momento que os pescadores pediram autorização para cortar a rede. Contudo, o capitão não terá acedido e o navio começou a tombar até começar a entrar água, que viria a afetar os motores. O pescador revelou ainda que apenas o capitão e o seu sobrinho usavam fatos de sobrevivência quando abandonaram o navio.
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