"Bolsonaro em Aparecida comportou-se como agente de Satanás. Desrespeitou a Mãe de Jesus e seus outros filhos e filhas, peregrinos famintos de vida com dignidade e esperança. Com seus endiabrados seguidores deveriam ser presos em flagrante como arruaceiros. São Miguel, cuidado!", escreveu Mauro Morelli.
O religioso já havia declarado o seu voto nas eleições presidenciais no antigo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na rede social Twitter.
Na quarta-feira, feriado dedicado a Nossa Senhora de Aparecida, a padroeira do Brasil, o Presidente em campanha para a reeleição visitou o maior complexo religioso do país, onde seus apoiantes causaram tumulto.
À chegada à basílica na cidade de Aparecida, Jair Bolsonaro causou uma agitação com gritos de "mito, mito" - como lhe chamam os seus apoiantes enquanto outros grupos o vaiaram.
No local, um grupo de apoiantes do Presidente brasileiro perseguiu um peregrino que estava vestido de vermelho aos gritos de "nossa bandeira jamais será vermelha".
Fora do santuário, Bolsonaro aproveitou para fazer campanha política e os seus apoiantes, alguns filmados a consumir bebidas alcoólicas, assediaram um jornalista de uma afiliada da TV Globo e a equipa da empresa da Televisão Aparecida, ligada à Igreja Católica, na sequência de declarações de padres no evento religioso que apelaram contra o ódio.
"Parabéns a você que está aqui dentro e testemunha. Parabéns a você que está aqui dentro e está rezando, porque hoje não é dia de pedir voto. É dia de pedir bênção", afirmou o padre Camilo Júnior dentro do santuário.
A pouco mais de duas semanas da segunda volta, Jair Bolsonaro quer ganhar votos entre os católicos com o mesmo discurso com que ganhou o apoio dos evangélicos, proclamando valores cristãos e conservadores.
O ex-presidente Lula da Silva venceu a primeira volta com 48,4% dos votos, contra 43,2% de Bolsonaro, e as mais recentes sondagens colocam-no como vencedor na segunda volta, em 30 de outubro.
O uso da religião como arma no meio da campanha eleitoral foi "veementemente" condenado na véspera pelo Episcopado brasileiro, que lamentou a "intensificação da exploração da fé e da religião como forma de capturar votos na segunda volta".
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