Chuvas deixam bom ano agrícola em perspetiva para Cabo Verde
O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, mostrou-se hoje convicto num bom agrícola em 2022/2023, face às chuvas que desde setembro se registam em várias ilhas do país, após praticamente quatro anos de seca.
© Lusa
Mundo Ulisses Correia e Silva
"Vai haver um bom ano agrícola, até porque os técnicos já fizeram uma avaliação e nos lugares onde não for bom ano, vai ser um ano razoável, o que quer dizer que terá produção, pasto e água", afirmou o chefe do Governo, em declarações durante uma visita ao interior da ilha de Santiago.
Durante a visita aos campos agrícolas nos municípios de Santa Cruz, São Lourenço dos Órgãos, São Salvador do Mundo, Santa Catarina e Tarrafal, acompanhado do ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, o primeiro-ministro disse ter constatado um "cenário animador".
"É uma bênção termos um país verde, não só aqui em Santiago, mas as outras ilhas também estão na mesma situação e perspetiva de um bom ano agrícola entre o razoável e bom", disse ainda Ulisses Correia e Silva.
Apesar de a situação não ser idêntica em todo o país, sublinhou que este será sempre um ano agrícola "muito melhor" do que os últimos quatro, de seca severa em praticamente todo o arquipélago.
De acordo com informação anterior do ministro da Agricultura, de forma geral, em matéria de produção de grãos, como milho e feijão, a situação em Cabo Verde já está garantida em zonas de altitude, mas ainda é preciso mais chuva nas zonas mais baixas, para permitir que a produção termine o seu ciclo.
Relativamente à produção de pasto, apontou, verifica-se uma produção normal a excedentária e, sobre a ocorrência de pragas, a situação é mais favorável face a anos anteriores, devido a medidas de controlo adotadas nos últimos anos.
"Durante todos esses anos tivemos a capacidade de produzir e libertar inimigos naturais da lagarta do cartucho do milho, entretanto precisamos aprimorar e reforçar no sentido de produzir ainda mais", reconheceu Gilberto Silva.
As autoridades cabo-verdianas já tinham avançado em julho passado que esperavam que a campanha agrícola 2022/2023 fosse a mais chuvosa dos últimos cinco anos, com as previsões meteorológicas a não descartarem a ocorrência de eventos extremos.
"Todas as previsões e mesmo o que se vê (...), e o clima também, [estão] a mostrar que este ano poderá ser um ano melhor, pelo menos dos cinco últimos anos", afirmou em 11 de julho a diretora-geral da Agricultura, Silvicultura e Pecuária de Cabo Verde, Eneida Rodrigues, na apresentação das medidas de preparação desta campanha agrícola.
Há praticamente quatro anos que Cabo Verde vive uma forte seca, o que tem vindo a condicionar a atividade agrícola em quase todo o arquipélago, cenário que o regresso da chuva pode ajudar a reverter nos próximos meses.
"Esperamos que sim. Tudo aponta para um ano, em termos pluviométricos, melhor que o ano passado", reforçou a responsável, baseando-se nas mais recentes previsões meteorológicas das autoridades nacionais e internacionais.
Desde 2017 que o país tem enfrentado sucessivos anos de seca, com consequente redução da produção agropecuária e do rendimento das famílias, especialmente no meio rural, contribuindo também para a deterioração da segurança alimentar e nutricional das famílias e para a redução da disponibilidade da água para o abastecimento público e para a agricultura irrigada.
Anteriormente, durante uma reunião restrita do dispositivo regional de prevenção e gestão das crises alimentares no Sahel e na África Ocidental, o ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, avançou que dados recentes estimaram que cerca de 107 mil pessoas se encontravam sob pressão em termos alimentares e cerca de 30 mil em situação de insegurança alimentar em Cabo Verde.
Em fevereiro último, o Governo declarou situação de calamidade no país até 31 de outubro, devido aos maus resultados do ano agrícola, e anunciou medidas preventivas e especiais.
Para a campanha agrícola 2022/2023, nomeadamente no apoio aos produtores na aquisição de sementes ou com medidas já em curso de combate e controlo de pragas, entre outras, o orçamento do Ministério da Agricultura e Ambiente de Cabo Verde ronda os 64,9 milhões de escudos (600 mil euros).
De acordo com aquele ministério, através das delegações nos municípios e do Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário (INIDA), foram disponibilizados aos agricultores um total de 114.404 em plantas florestais e fruteiras.
Também 300.000 estacas de batata-doce e 2.000 de mandioca, 19 toneladas de feijões importadas para a campanha de sequeiro, além da aposta num combate integrado contra as pragas através do lançamento de inimigos naturais e produtos biológicos amigos do ambiente.
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