A chamada "Declaração de Argel", assinada sob os auspícios do presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, "será uma plataforma sólida para a conquista da unidade entre as várias facções palestinas que chegaram a um consenso sem precedentes", anunciou a Argélia em comunicado citado pela agência de notícias APS.
O secretário-geral do Partido da Iniciativa Nacional Palestina, Mustafa Barghouti, anunciou que as facções aceitaram grande parte do documento de reconciliação argelino, que prevê a realização de eleições presidenciais e legislativas dentro de um ano a partir da assinatura do acordo.
Tebboune reuniu-se em julho passado com o líder político do Hamas, Ismail Haniye, que participou dessas negociações, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, que esteve ausente das reuniões e hoje viajou para Astana, no Cazaquistão, onde se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin.
As negociações destes dois dias foram precedidas por meses de reuniões ao alto nível em Argel, durante as quais as facções apresentaram a sua visão para acabar com quinze anos de divisão e sucessivas tentativas fracassadas de reconciliação.
Inimigos desde 2007, quando o Hamas expulsou as forças do Fatah da Faixa de Gaza, e que governam enclaves palestinos geograficamente separados (Gaza e Cisjordânia, respectivamente), vários mediadores, como Egito ou Catar, tentaram intervir para colocar fim da divisão.
A tentativa mais recente foi em 2017, quando a Fatah e o Hamas anunciaram, com o Egito como mediador, um acordo pelo qual a Autoridade Nacional Palestina (ANP), que controla a Cisjordânia, retomaria o controle de Gaza e seriam convocadas eleições legislativas e presidenciais, adiadas "sine die".
As facções palestinas elogiaram a "legitimidade" das negociações, patrocinadas pela Argélia, que promoveu esta nova tentativa antes da reunião da Liga Árabe, que será realizada nos dias 1 e 2 de novembro na capital argelina.
"Esta iniciativa abençoada é um bom presságio para o povo palestino (...) Estamos satisfeitos com os resultados desta conferência marcada pela abertura, interação positiva e compreensão", disse Haniye no encerramento das negociações.
Azam al Ahmad, membro do Comitê Central do Fatah, enfatizou que a iniciativa argelina "vem pôr fim a uma divisão interpalestina de mais de 15 anos, que enfraqueceu a causa palestina".
Por seu turno, o secretário-geral da Frente de Luta Popular Palestina (FLPP), Ahmed Majdalani, avaliou a reunião como uma demonstração "inegável" do interesse da Argélia, cujos "objetivos nacionais" são "o direito de regresso dos refugiados e o estabelecimento do Estado Palestino Independente".
A Argélia é "o único país que não tem cálculos estreitos nesse sentido, além de apoiar a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) como o único representante legítimo do povo palestino", defendeu Tebboune.
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