Ministro das Finanças britânico encurta viagem em clima de pressão
A pressão dentro do próprio partido Conservador sobre o governo para recuar em alguns dos cortes fiscais anunciados terá forçado o ministro das Finanças britânico a encurtar uma visita aos Estados Unidos, noticia a imprensa.
© Getty Images
Mundo Reino Unido
O ministro encontrava-se em Washington para a reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas as crescentes críticas terão levado Kwarteng a antecipar o regresso a Londres em um dia, onde, segundo a BBC, terá "reuniões cruciais" sobre o plano de crescimento económico apresentado em 23 de setembro.
O secretário de Estado do Comércio Internacional, Greg Hands, disse à Sky News que "não é invulgar regressar um dia antes de uma visita internacional" e salientou que as reuniões "principais" do FMI e do Banco Mundial "já terminaram".
Porém, as primeiras páginas da imprensa britânica refletem hoje um agudizar da crise política e o descontentamento nas bancadas do partido do Governo.
O Financial Times noticia que a primeira-ministra Liz Truss está prestes a abandonar algumas das medidas "numa tentativa desesperada de reconstruir a confiança dos mercados" e garantir a sobrevivência no cargo que assumiu há 40 dias.
O jornal The Times e o Daily Mail fazem manchete com as conspirações dentro dos 'tories' para derrubar Truss se esta não conseguir controlar a instabilidade económica e financeira registada nas últimas semanas.
O deputado Conservador e presidente da Comissão Parlamentar das Finanças, Mel Stride, que tem sido um dos críticos mais frontais do plano, admite que o regresso de Kwarteng "pode muito bem significar que estamos prestes a ter uma inversão de marcha".
"A minha opinião é que isso deve acontecer", reiterou, urgindo um anúncio o mais depressa possível, "nas próximas 48 horas", antes da apresentação do plano fiscal em 31 de outubro, para acalmar os mercados.
Uma das principais possibilidades que se tem falado é um aumento do imposto sobre o rendimento das empresas dos atuais 19%, que Kwarteng decidiu congelar em vez de aumentar para 25% em 2023, como estava previsto.
"Chegámos a uma fase em que precisamos de um sinal forte para os mercados de que a credibilidade fiscal está de volta", disse Stride.
O "mini-orçamento" de 23 de setembro surpreendeu ao incluir, juntamente com medidas para congelar os preços da energia, um grande pacote de cortes fiscais num valor estimado de 45.000 milhões de libras (51.000 milhões de euros) totalmente financiados por endividamento.
O risco de um aumento insustentável da dívida pública foi mal recebido pelos mercados financeiros, o que resultou na desvalorização da libra e subida dos juros sobre a dívida britânica e do crédito à habitação.
O Banco de Inglaterra foi forçado a intervir no mercado obrigacionista, o que ajudou a estabilizar a libra e a dívida, mas o plano do governo britânico foi criticado pelo FMI devido ao risco de agravar a inflação, e as agências Fitch e Standard and Poor's reduziram de estável para negativo o 'rating' do Reino Unido.
Kwarteng recuou entretanto da decisão de abolir o escalão máximo de 45% do imposto sobre os rendimentos dos contribuintes mais ricos, poupando 2.000 milhões de libras (2.300 milhões de euros), mas na quarta-feira Liz Truss recusou "absolutamente" reduzir a despesa pública para equilibrar as contas públicas.
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