Recep Tayyip Erdogan sublinhou que as autoridades de energia turcas e russas trabalharão juntas para designar a melhor localização para um centro de distribuição de gás, acrescentando que a região da Trácia turca, na fronteira com a Grécia e a Bulgária, parece ser o melhor local.
"Juntamente com [o Presidente russo, Vladimir] Putin, instruímos o nosso Ministério de Energia e Recursos Naturais e a instituição relevante do lado russo a trabalharem juntos", disse Erdogan.
"[As entidades russas e turcas] irão fazer este estudo. Onde quer que seja o local mais apropriado, esperamos estabelecer esse centro de distribuição", declarou Erdogan, acrescentando que "não haverá espera".
A Turquia há muito expressa o desejo de se tornar um centro de distribuição de energia.
Putin propôs formalmente a Erdogan a criação de um centro de distribuição de gás russo na Turquia para fornecer países europeus, o que também permitiria a criação de uma plataforma para regular os preços energéticos considerados "exorbitantes", durante um encontro de ambos os Presidentes no âmbito de uma cimeira que se realiza no Cazaquistão.
O líder russo argumentou que a Rússia e a Turquia podem, em conjunto, criar "uma plataforma não apenas para o fornecimento de gás, mas também para determinar os preços, porque essa é uma questão muito importante".
"Hoje, esses preços são exorbitantes, e poderíamos facilmente regulá-los a um nível normal de mercado", disse Putin a Erdogan.
O Presidente russo sublinhou que, em termos de hidrocarbonetos russos, incluindo gás, a Turquia é a "rota atualmente mais confiável para abastecer a Europa" através do gasoduto TurkStream, que transporta gás russo para a Turquia e para vários países do sul e sudeste da Europa.
O TurkStream, situado no Mar Negro, pode transportar até 31,5 mil milhões de metros cúbicos de gás anualmente, fornecendo energia para a Bulgária, Grécia, Sérvia, Roménia, Hungria e Macedónia do Norte.
O CEO da empresa estatal russa Gazprom, Alexei Miller- que acompanhou Putin na viagem a Astana, numa comitiva com vários empresários e banqueiros - disse que os dois países concordaram em agir rapidamente para determinar o cronograma das negociações sobre a proposta russa.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,6 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.221 civis mortos e 9.371 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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