A situação é especialmente grave em Cité Soleil, um dos bairros mais degradados da capital, Porto Príncipe, onde as lutas entre gangues armados deixaram muitos moradores sem acesso a locais de trabalho, mercados e serviços de saúde, disse o diretor do PAM no Haiti, Jean-Martin Bauer.
Cerca de 65 por cento da população de Cité Soleil sofre "altos níveis de insegurança alimentar" e cinco por cento destes precisam urgentemente de assistência humanitária, explicou Bauer.
A situação é agravada por um surto de cólera naquele bairro e em outras áreas de Porto Príncipe, com mais de 260 casos detetados e pelo menos 25 mortos, segundo dados oficiais das autoridades sanitárias haitianas.
A crise alimentar também está a agravar-se nas áreas rurais do Haiti, onde já foram detetados níveis agudos de escassez de alimentos no sudoeste de Grand Anse, Nippes e Sud, regiões muito afetadas pelo terremoto de 2021 e pela recente escassez de chuvas, que reduziu as colheitas.
O Haiti também não é alheio à crise global dos preços dos bens, com inflação de 33 por cento, enquanto o custo da gasolina duplicou, contribuindo para o agravamento da crise humanitária.
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