Num encontro regional do seu partido, Starmer considerou insuficiente a demissão na sexta-feira do ex-ministro da Economia Kwasi Kwarteng e a respetiva substituição por Jeremy Hunt, defendendo que a mudança deve ser de todo o Governo.
"A crise que estamos a enfrentar é criada em Downing Street [sede do Governo]. Os estragos já foram feitos e é muito difícil reverter [a situação]. Um acidente de carro não pode ser revertido", argumentou.
Em seu entender, é necessário antecipar a apresentação do plano fiscal do médio prazo, que não incluirá muitas das medidas anunciadas em 23 de setembro por Kwarteng e que provocaram uma "tempestade financeira" nos mercados.
"Esse orçamento 'kamikaze' deve ser revogado", vincou Starmer.
Antes de ser demitido, Kwarteng já tinha alterado a data de lançamento do seu plano estratégico inicialmente previsto para o final de novembro, mas antecipado em resultado da crise de confiança gerada pelos vastos cortes fiscais que incluía.
Nos últimos dias, o Governo da primeira-ministra britânica Liz Truss tem vindo a retificar as medidas mais controversas, como a redução do escalão mais elevado do imposto sobre o rendimento de 45% para 40% ou a decisão de revogar o previsto aumento do imposto de empresas de 19% para 25%.
"Estou muito preocupado com as pessoas que têm hipotecas sem prazo fixo, porque vão ter que pagar pelo menos 200 a 400 libras [230 a 460 euros] a mais por causa do orçamento 'kamikaze' que este Governo introduziu", criticou ainda.
As sondagens dão aos trabalhistas uma vantagem de 30 pontos nas intenções de voto caso as eleições gerais ocorressem agora, sendo esta a maior distância desde que Tony Blair foi primeiro-ministro.
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