Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Moscovo procura "suprimir a resistência" nas regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporiyia, anexadas pelo Kremlin com base nos resultados dos referendos de adesão "fraudulentos" realizados no final de setembro.
"O decreto de Putin é nulo e sem efeito. Não tem consequências legais para a Ucrânia nem para os seus cidadãos, bem como para a comunidade internacional", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros numa declaração em consonância com a que foi emitida quando da rejeição da anexação das regiões.
Kiev apelou à comunidade internacional para reagir ao último movimento de Moscovo e advertiu que o Kremlin poderia chegar ao ponto de privar os residentes destas áreas "dos direitos humanos mais básicos".
O Presidente Putin decretou hoje a lei marcial nas regiões de Lugansk, Donetsk, Zaporiyia e Kherson, alegando que estava apenas a formalizar uma situação que já existe "de facto" ao mesmo tempo que acusou a Ucrânia de não reconhecer a expressão democrática dos cidadãos destes territórios.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.306 civis mortos e 9.602 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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