Milhares marcham em Washington a dias da posse de Trump como presidente

Milhares de pessoas de todos os Estados Unidos concentraram-se no sábado em Washington para defender os direitos reprodutivos das mulheres e outras causas que consideram ameaçadas pela nova presidência de Donald Trump.

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© Kayla Bartkowski/Getty Images

Lusa
19/01/2025 07:01 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

Estados Unidos

Fizeram-no a dois dias da tomada de posse do republicano como 47.º Presidente do país, recuperando o formato da Marcha das Mulheres, realizada em 2017, no dia seguinte ao do início do seu primeiro mandato na Casa Branca.

 

Oito anos após a histórica primeira Marcha das Mulheres, as manifestantes declararam-se apanhadas de surpresa pela vitória de Trump e disseram estar agora determinadas a mostrar que continua a haver forte apoio para as mulheres terem acesso ao aborto, para as pessoas transgénero, para o combate às alterações climáticas e outras questões.

Esta marcha é apenas um de vários protestos, comícios e vigílias centrados no aborto, em direitos diversos, nos direitos da imigração e na guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas agendados para antes da cerimónia de tomada de posse presidencial, na segunda-feira. Em todo o país, vão decorrer mais de 350 marchas semelhantes em todos os Estados federados.

Jill Parrish, da cidade de Austin, no Texas, disse que primeiro comprou um bilhete de avião para Washington para o que esperava ser a tomada de posse da vice-presidente democrata cessante, Kamala Harris, como nova Presidente dos Estados Unidos. Acabou por mudar as datas para marchar em protesto, antes da investidura de Trump, argumentando que o mundo deve saber que metade dos eleitores norte-americanos não votou nele.

"Acima de tudo, estou aqui para manifestar o meu medo em relação ao estado da nossa democracia", disse Parrish.

Os manifestantes juntaram-se em praças por toda a cidade de Washington antes da marcha, tocando instrumentos de percussão e repetindo palavras de ordem, debaixo de um céu cinzento carregado e com um vento frio. Em seguida, desfilaram em direção ao Lincoln Memorial para uma concentração de maiores dimensões, onde associações locais, estaduais e nacionais organizaram mesas de debate informativo sobre as suas causas.

Alguns seguravam cartazes com palavras como "Salvem a América", "Contra o aborto? Então, não faça um" e "O ódio não vencerá".

Houve breves momentos de tensão entre os manifestantes e apoiantes de Trump. Por exemplo, a marcha sofreu uma breve pausa quando um homem com um boné vermelho em que se lia "Make America Great Again" (MAGA), "Tornar a América Novamente Grande") e uma mochila de camuflado verde se meteu numa fila de manifestantes que seguiam na dianteira do protesto. A polícia interveio e separou-o do grupo de forma pacífica, enquanto os manifestantes repetiam "Não vamos morder o isco".

Quando os manifestantes se aproximaram do Monumento a Washington, um pequeno grupo de homens com bonés MAGA que caminhava na direção oposta pareceu chamar a atenção de um líder da manifestação com um megafone. O líder aproximou-se do grupo e começou a gritar através do megafone "Sem Trump, sem KKK". Os grupos estavam separados por uma vedação alta e os agentes da polícia acabaram por se juntar em torno deles.

Rick Glatz, de Manchester, New Hampshire, disse que se deslocou a Washington por causa das suas quatro netas: "Sou avô. E é por isso que estou a marchar".

A professora do ensino secundário do Minnesota Anna Bergman envergou o seu chapéu cor-de-rosa com orelhas de gato original da Marcha das Mulheres de 2017, recuperando um momento que causou choque e raiva de progressistas e moderados na primeira vitória de Trump.

Agora que Trump está de volta, "eu só queria estar rodeada de pessoas com ideias semelhantes num dia como o de hoje", disse Bergman.

Rebatizada e reorganizada, a iniciativa tem um novo nome - a Marcha do Povo -, como forma de alargar o apoio, especialmente num momento de reflexão para a organização dos progressistas, após a vitória eleitoral de Trump em novembro. O republicano fará o juramento de posse na segunda-feira.

As mulheres indignadas com a vitória presidencial de Trump em 2016 afluíram a Washington, em janeiro de 2017, e organizaram grandes comícios em cidades de todo o país, construindo a base de um movimento popular que ficou conhecido como a Marcha das Mulheres.

Nessa altura, só o comício de Washington atraiu mais de 500.000 manifestantes, e outros milhões participaram em marchas locais por todo o país, no que representou uma das maiores manifestações de um só dia na história dos Estados Unidos.

Este ano, a multidão foi muito menor que os 50.000 participantes esperados, o que já seria apenas um décimo da dimensão da primeira marcha. A manifestação, cujo silêncio também contrasta com a algazarra de 2017, surge no meio de um momento de reflexão contido, em que muitos eleitores progressistas atravessam sentimentos de exaustão, desilusão e desespero, após a derrota de Kamala Harris.

O movimento fraturou-se após aquele dia de protestos de enorme êxito, devido a acusações de que não era suficientemente diversificado. A mudança de nome deste ano, para Marcha do Povo, é o resultado de uma revisão destinada a tornar o grupo mais apelativo. A manifestação de sábado promoveu temas relacionados com o feminismo, a justiça racial, o antimilitarismo e outras questões e terminou com debates realizados por várias organizações de justiça social.

Leia Também: Trump chegou a Washington para iniciar celebrações da tomada de posse

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