Mattarella incia rondas para formar governo com tensão na maioria

O Presidente italiano, Sergio Mattarella, começou hoje a ouvir os partidos sobre a formação de um novo governo, que estará já marcado pela discórdia na maioria de direita provocada pelo ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

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Lusa
20/10/2022 12:18 ‧ 20/10/2022 por Lusa

Mundo

Itália

Segundo vários analistas do centro-direita, a últimas declarações do líder do Força Itália criaram o caos na maioria e minam a formação do novo governo".

Mattarella perguntará aos partidos quem querem indicar como primeiro-ministro, e é quase certo que o chefe de Estado dará o cargo a Giorgia Meloni, líder dos Irmãos da Itália, que então terá que retornar ao Palácio do Quirinale com a lista de ministros.

Até quarta-feira, o nome de Antonio Tajani, coordenador do Força Itália, ex-presidente do Parlamento Europeu e vice-presidente do Partido Popular Europeu era muito provável como ministro das Relações Exteriores, mas hoje o cenário pode ter mudado, segundo alguns analistas.

Na terça-feira, Berlusconi afirmou ter retomado a sua amizade com o Presidente russo, Vladimir Putin, e na quarta-feira declarou não conseguir imaginar Putin a negociar com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que se escusou a qualificar.

"Está claro que as declarações de Berlusconi colocam Tajani em dificuldade porque a pergunta que Mattarella, na Europa e nos Estados Unidos estão fazendo hoje é: se Berlusconi questiona a posição atlanticista e o apoio à Ucrânia contra a Rússia, que ministro poderia ser Tajani, que faz parte desse partido?", diz Paola Tommasi, jornalista do jornal de centro-direita Líbero.

Após as palavras de Berlusconi, o Líbero titulou: "Berlusconi, chega", uma escolha explicada por Tommasi, com a necessidade de "tornar o caminho para o novo governo o mais simples possível".

As palavras de Berlusconi, divulgadas pela agência de notícias Lapresse, foram gravadas durante uma reunião privada com 40 deputados, que aplaudiram quando o líder do partido disse "não quero nem dizer o que penso de Zelensky".

" claro que esses aplausos levantam a dúvida de que dentro do Força Itália há pessoas que não querem mais apoiar a Ucrânia", acrescenta Tommasi.

A formação do novo governo foi questionada pela própria Giorgia Meloni que declarou pretender "liderar um governo com uma linha de política externa clara e inequívoca".

"A Itália é totalmente, e de cabeça erguida, parte da Europa e da Aliança Atlântica. Quem não concorda com essa pedra fundamental não poderá fazer parte do governo, ao custo de não criar um governo. A Itália, connosco no governo, nunca será o elo fraco do Ocidente", afirmou.

Berlusconi respondeu às polémicas vincando que "em 28 anos de vida política" nunca questionou a opção atlântica e que "a amizade e a gratidão para os Estados Unidos fazem parte dos valores" com os quais foi educado.

Segundo Alessandro Cattaneo, líder da Forza Italia na Câmara, o presente das vinte garrafas de vodka que Putin teria enviado a Berlusconi como presente de aniversário é "um episódio de há 20 anos".

Segundo Tommasi, as razões para as declarações de Berlusconi devem-se a ele querer "retomar a cena, porque tem dificuldade em deixar de ser o líder da centro-direita" e, em segundo lugar, poderão "ser uma forma de esticar a corda com Giorgia Meloni que nos últimos dias não o tem satisfeito em nada".

Berlusconi tinha pedido a presidência do Senado para o seu partido e, em vez disso, Meloni elegeu para esse cargo um líder dos Irmãos da Itália, Ignazio Larussa.

Berlusconi pediu o Ministério da Justiça, até mencionando o nome de quem o assumiria e Meloni logo o negou.

"É claro que se você não conceder nada aos aliados, eles começam a ficar nervosos, e talvez seja exatamente isso que aconteceu com Berlusconi", conclui Tommasi.

Leia Também: Partido de Berlusconi deverá ter 5 ministérios, incluindo Justiça e MNE

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