Cronologia de uma queda. Os dias conturbados de Liz Truss

Desde a tomada de posse a 6 de setembro, a primeira-ministra britânica, Liz Truss, protagonizou um período de caos que terminou com a demissão anunciada hoje. 

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Lusa
20/10/2022 15:09 ‧ 20/10/2022 por Lusa

Mundo

Liz Truss

Eis os principais acontecimentos desde que foi eleita para substituir Boris Johnson pelos militantes do Partido Conservador com 57% dos votos, derrotando o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak.

6 de setembro

Liz Truss, de 47 anos, nomeada oficialmente primeira-ministra após o encontro com a Rainha Isabel II, que lhe pede para formar um novo Governo.

8 de setembro 

Perante um aumento dos custos de energia, Liz Truss anuncia no parlamento um congelamento de preços para famílias e empresas. O anúncio é ensombrado pela morte de Isabel II, e a vida política no Reino Unido parou durante os dez dias de luto nacional.

23 de setembro 

O ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, apresenta um "mini-orçamento" para impulsionar o crescimento económico, sustentado em dezenas de milhares de libras em cortes fiscais financiados por dívida pública.

Os mercados financeiros reagiram nos dias seguintes com a desvalorização da libra para um mínimo histórico e um aumento dos juros sobre títulos do Tesouro.

28 de setembro 

A volatilidade financeira leva o Banco de Inglaterra a fazer uma intervenção de emergência no mercado obrigacionista em resposta a um "risco significativo para a estabilidade financeira do Reino Unido".

29 de setembro 

Uma sondagem da empresa YouGov indica uma liderança de 33 pontos para a oposição trabalhista, a primeira vez desde o final dos anos 1990, a cerca de dois anos para as eleições gerais.

3 de outubro 

O ambiente tenso e divergente no congresso do Partido Conservador levam Liz Truss e Kwasi Kwarteng a fazer marcha atrás e a abandonar os planos de abolir o escalão superior dos impostos sobre os rendimentos.

5 de outubro 

"Eu percebi, eu ouvi", afirma Liz Truss ao congresso, prometendo "crescimento, crescimento, crescimento".

12 de outubro

A primeira-ministra diz no parlamento que não pretende reunir a despesa pública e promete manter os cortes fiscais, aumentando a incerteza sobre a política económica.

13 de outubro 

Rumores começam a circular sobre movimentações para substituir Liz Truss em Downing Street. Numa visita a Washington para participar nas reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, Kwasi Kwarteng mostra-se confiante de que ambos ainda estarão em funções no mês seguinte.

14 de outubro 

Kwasi Kwarteng é afastado e substituído por Jeremy Hunt, um candidato derrotado na corrida para a liderança conservadora, e consequentemente para Downing Street, que tinha sido apoiante de Rishi Sunak.

Liz Truss convoca uma conferência de imprensa onde anuncia uma nova reviravolta, abandonando a ideia de manter o imposto sobre as empresas em 19%, o qual será aumentado para 25% em 2023, como tinha sido planeado pelo Governo anterior.

A conferência é terminada abruptamente após oito minutos e resposta a quatro perguntas.

 17 de outubro

Jeremy Hunt, o quarto ministro das Finanças desde o início do ano, anuncia o cancelamento da maior parte do programa económico de Liz Truss.

Numa entrevista à BBC, a primeira-ministra admite "erros" e pede "desculpa", mas exclui a demissão, citando o "interesse nacional" e necessidade de estabilidade.

19 de outubro 

"Sou uma lutadora, não uma desistente", responde Liz Truss no debate semanal no parlamento aos pedidos de demissão da oposição.

Horas depois, Suella Braverman demite-se do cargo de ministra do Interior devido a uma violação das regras de segurança ao enviar um documento oficial sobre política migratória de um 'email' pessoal para um colega no parlamento. "Cometi um erro. Aceito, demito-me", escreveu na sua carta de renúncia, uma mensagem clara contra Truss.

À noite registam-se cenas de caos no parlamento por causa de uma votação mal explicada sobre a exploração de gás de xisto, que o Governo queria utilizar como uma moção de confiança. Um inquérito foi aberto a alegações de coação física de deputados conservadores indecisos. 

20 de outubro

O crescente descontentamento no grupo parlamentar do Partido Conservador força o anúncio de demissão de Liz Truss após seis semanas em funções. O sucessor será encontrado nos próximos dias, mas Truss ficará conhecida como a primeira-ministra com o mandato mais curto da história britânica.

Leia Também: Liz Truss. De líder improvável ao Governo mais curto de sempre

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