De acordo com a Energoatom, os oficiais russos que controlam a zona não dão acesso à equipa ucraniana que administra a central ou a monitores do órgão de vigilância da Organização das Nações Unidas (ONU) para ver o que os militares estão a fazer.
A entidade estatal que controla as quatro centrais termoelétricas da Ucrânia adiantou que "presume" que os russos "estão a preparar um ato terrorista, usando materiais nucleares e resíduos radioativos armazenados" em Zaporíjia.
A Energoatom indicou que há 174 contentores combustível usado na instalação de armazenamento. Cada um dos contentores contêm 24 conjuntos de combustível nuclear usado.
"A destruição desses contentores como resultado de uma explosão poderá levar a um acidente de radiação e contaminação por radiação de várias centenas de quilómetros quadrados do território adjacente", disse a empresa.
A Energoatom encorajou a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) a avaliar o que aconteceu.
O Conselho de Segurança da ONU debateu hoje à porta fechada as acusações da Rússia, que afirma que a Ucrânia fabricou uma 'bomba suja', alegações rejeitadas por Kyiv e pelo Ocidente.
O debate foi pedido pela Rússia, cujo embaixador, Vassili Nebenzia, enviou uma carta ao Conselho de Segurança e ao secretário-geral da ONU, António Guterres, em que insiste nas acusações à Ucrânia.
No final, o embaixador britânico junto da ONU, James Kariuki, disse hoje que as alegações russas de desenvolvimento pela Ucrânia de 'bombas sujas' são apenas um novo capítulo na prolongada desinformação e propaganda Rússia.
Após uma reunião à porta fechada no Conselho de Segurança para debater as acusações russas, o diplomata do Reino Unido apresentou à imprensa alguns dos detalhes do encontro, indicando que ele, juntamente com os representes da França e dos Estados Unidos na ONU, "foram claros nas suas posições de que tudo não passam de alegações falsas" de Moscovo.
"São alegações falsas. Desinformação como a que vimos antes. Não foi apresentada nenhuma prova. A Ucrânia tem sido clara de que não tem nada a esconder e inspetores da Organização Internacional de Energia Atómica (OIEA) estão a caminho", disse Kariuki.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.306 civis mortos e 9.602 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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