Segundo o Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas, o exército russo lançou cinco foguetes, 30 ataques aéreos e mais de 100 ataques de sistema de foguetes de lançamento múltiplo contra alvos ucranianos.
Os ataques ocorrem num momento em que crescem os temores de que a Rússia, ao deparar-se com vários reveses no campo de batalha, possa tentar detonar a chamada 'bomba suja', um dispositivo que usa explosivos para espalhar resíduos radioativos, num esforço para semear o terror, ou utilizar o seu arsenal nuclear.
Por outro lado, a autoridades pró-russas da região ucraniana de Lugansk, anexada pela Rússia, afirmaram hoje que estão a registar-se "intensos combates" nas proximidades de Kreminna e de Svatove, perto das fronteiras administrativas de Donetsk e Kharkiv.
"Os combates mais severos estão a decorrer perto de Kreminna e Svatove. Grupos compostos por entre 30 e 50 membros de unidades de defesa territorial e tropas mobilizadas [da Ucrânia] estão a testar as nossas defesas", afirmou Vitali Kiseliov, conselheiro do ministro do Interior pró-russo em Lugansk à televisão pública russa.
Segundo Kiseliov, as forças ucranianas "estão a sofrer enormes perdas".
O conselheiro do ministro do Interior pó-russo de Lugansk também disse à agência noticiosa TASS que as tropas de Kyiv estão a testar as defesas na área da cidade de Lisichansk, perto de Kreminna.
No entanto, acrescentou, as condições meteorológicas não permitem que nenhum dos lados avance com uma forte ofensiva.
O presidente russo, Vladimir Putin, monitorizou hoje os exercícios das forças nucleares estratégicas do país, que envolveram vários lançamentos de mísseis balísticos e de cruzeiro numa demonstração de força.
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, informou Putin que o exercício pretendia simular um "ataque nuclear maciço" lançado em retaliação a um ataque nuclear à Rússia.
A administração norte-americana, liderada pelo Presidente Joe Biden, afirmou ter sido avisada previamente dos exercícios anuais russos.
Ainda hoje, Shoigu falou com os homólogos da Índia e da China para partilhar a preocupação de Moscovo sobre "possíveis provocações ucranianas envolvendo uma 'bomba suja'", indicou Ministério da Defesa russo.
Shoigu fez a alegação pela primeira vez em contactos com autoridades britânicas, francesas, turcas e norte-americanas.
Reino Unido, França e Estados Unidos rejeitaram a alegação e consideraram-na "transparentemente falsa". As autoridades ucranianas alertaram para o facto de Moscovo poder estar a preparar-se para usar tal dispositivo.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança do país - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição de sanções políticas e económicas à Rússia.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.374 civis mortos e 9.776 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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