Jan Swillens, responsável por este serviço de inteligência (MIVD), reagiu sobre este assunto ao diário Financieele Dagblad (FD), e a situação foi confirmada pelo Ministério da Defesa, segundo a agência noticiosa holandesa ANP e a televisão pública NOS.
De acordo com Swillens, o serviço secreto russo criou dezenas de empresas que operam nos Países Baixos como "empresas de fachada" para evitar sanções ocidentais.
Estas empresas compram tecnologia neerlandesa e depois a importam para a Rússia para uso militar, alertou.
Este tipo de prática existe desde a anexação russa da Crimeia em 2014, "mas com a guerra na Ucrânia está a aumentar significativamente", referiu ainda ao FD.
Os Países Baixos têm várias empresas que se destacam no setor de semicondutores e microchips, como a NXP e ASML.
"Quanto mais duras as sanções, mais difícil se torna para os serviços secretos russos e mais inventivos devem ser para contornar as sanções", sublinhou um porta-voz da Defesa, citado pela ANP.
Nestes casos, é "difícil" para os empresários perceberem que estão a fazer negócios indiretamente com a Rússia, acrescentou.
O MIVD pede às empresas que realizem pesquisas mais aprofundadas sobre os seus clientes e obtenham informação sobre os reais utilizadores finais de seus produtos, informou a televisão pública holandesa NOS.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 247.º dia, 6.374 civis mortos e 9.776 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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