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"Quatro milhões de ucranianos" afetados pelos cortes de energia

Quase quatro milhões de pessoas foram afetadas por cortes de energia após os recentes ataques russos a infraestruturas energéticas na Ucrânia, adiantou esta sexta-feira o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

"Quatro milhões de ucranianos" afetados pelos cortes de energia
Notícias ao Minuto

23:54 - 28/10/22 por Lusa

Mundo Ucrânia

"Em muitas cidades e distritos do nosso país, foram introduzidos cortes para estabilizar" a situação, explicou o governante durante a sua mensagem de vídeo diária dirigida à nação.

"Quase quatro milhões de ucranianos estão atualmente a enfrentar estas restrições", acrescentou.

Os cortes afetam a cidade de Kyiv e a sua região, bem como as províncias de Zhitomyr (centro-oeste), Poltava, Cherkasy e Kirovograd no centro, Rivne (oeste), Kharkiv (leste), Cherniguiv e Sumy no norte, apontou o chefe de Estado.

Logo no início do dia, a operadora privada ucraniana DTEK tinha anunciado cortes de energia "sem precedentes" para "os próximos dias" na capital e a sua região, devido aos grandes danos infligidos ao sistema de energia ucraniano pelos ataques russos.

Durante mais de duas semanas, a Rússia tem intensificado os ataques à infraestrutura energética da Ucrânia, o que causou a destruição de pelo menos um terço das suas capacidades naquela região, numa altura em que se aproxima o inverno.

Como resultado, e para evitar apagões, cortes de energia com duração de algumas horas têm sido impostos diariamente em muitas regiões.

O governador da região de Kyiv, Oleksiy Kuleba, adiantou através da rede social Telegram que os moradores da capital podem esperar falhas de energia "mais duras e mais longas" em comparação com o início da guerra, noticiou a agência Associated Press (AP).

Na região de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, o governador anunciou no Telegram o início de cortes de energia diários de uma hora a partir de segunda-feira em toda a província, incluindo a capital regional, que é a segunda maior cidade ucraniana.

As medidas "são necessárias para estabilizar a rede elétrica, porque o inimigo continua a bombardear a infraestrutura de energia", sublinhou Oleg Syniehubov.

Um pouco por todo o país as autoridades estão a apelar à população para uma poupança de energia, reduzindo o consumo de eletricidade durante os horários de pico e evitando o uso de aparelhos de alta tensão.

A agência France-Presse (AFP) visitou na quinta-feira uma central de energia ucraniana atingida pelos russos, onde dois funcionários se encontravam a trabalhar na reparação de um cabo num poste de grandes dimensões.

Segundo um dos funcionários, a central foi atingida duas vezes por mísseis, e uma terceira vez por um 'drone' suicida, de fabrico iraniano.

Já esta sexta-feira, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, pediu ao homólogo iraniano que pare "imediatamente" de fornecer armas a Moscovo, na primeira conversa telefónica entre os dois ministros desde que Kyiv acusou a Rússia de atacar cidades ucranianas utilizando os 'drones' Shahed 136.

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano reiterou as suas negações sobre estas acusações.

Por seu lado, Volodymyr Zelensky, não estavam muito otimista sobre este tema, alertando que a liderança russa irá procurar todas as possibilidades para continuar a guerra, principalmente "através dos seus cúmplices no Irão".

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 247.º dia, 6.374 civis mortos e 9.776 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

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