A equipa do presidente eleito nas eleições de 30 de outubro, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou esta quinta-feira à capital do país, Brasília, para iniciar o processo de transição de governo, reporta a Associated Press. Tudo isto acontece numa altura em que os apoiantes do candidato derrotado, Jair Bolsonaro, continuam a levar a cabo fortes protestos por todo o país, embora com menor intensidade do que em dias anteriores.
O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, foi já visto a chegar ao Congresso brasileiro, acompanhado do coordenador da campanha de Lula da Silva e de vários legisladores do Partido dos Trabalhadores (PT). Já reuniram, entretanto, com o senador Marcelo Castro, responsável pela proposta orçamental do governo para 2023.
Após a reunião, Alckmin instou os legisladores a adotarem uma medida de emergência para permitir novas despesas que a futura administração considere essenciais. O vice-presidente eleito acrescentou ainda que regressará a Brasília na terça-feira, para mais discussões orçamentais.
O PT disse ainda que pretende também negociar com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira - que até agora tem sido um aliado de Jair Bolsonaro. Isto numa altura em que se espera já que Lira procure ser reeleito para o cargo no próximo ano.
Da parte da tarde, estava ainda previsto um encontro entre o vice-presidente de Lula da Silva e o chefe de gabinete de Jair Bolsonaro, Ciro Nogueira, bem como uma visita ao Conselho Federal de Contabilidade por parte da equipa que vai assumir as rédeas da nação em 2023.
Estas reuniões dão início ao processo de transição de governo, que culminará com a tomada de posse de Lula da Silva, a 1 de janeiro. Mas procuram, também, garantir as condições de governabilidade numa altura em que o Congresso é altamente favorável a Jair Bolsonaro, e assegurar que a administração do candidato derrotado nestas eleições presidenciais vai manter uma postura de cooperação.
Recorde-se que, nestas que foram as eleições presidenciais mais equilibradas desde o regresso do Brasil à democracia, em 1985, Lula da Silva superou Bolsonaro por cerca de dois milhões de votos.
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