'Frankenchickens'. O escândalo das galinhas do Lidl na Alemanha

Lidl Portugal indicou ao Notícias ao Minuto que o fornecedor em causa não 'trabalha' com a marca no nosso país, uma vez que "a carne à venda em todas as nossas lojas é 100% nacional, exceto um ou outro artigo, que não inclui aves".

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© Reprodução Twitter / @EqualiaONG

Catarina Correia Rocha
04/11/2022 09:21 ‧ 04/11/2022 por Catarina Correia Rocha

Mundo

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As imagens divulgadas pela associação britânica de direitos dos animais Humane League UK e da espanhola Equalia ilustram as condições em que um dos fornecedores da cadeia de supermercados alemã Lidl cria as suas galinhas. Os vídeos foram captados durante o verão deste ano, publicados nas redes sociais, e levaram à criação de um site - intitulado 'O Escândalo das Galinhas do Lidl' - onde a situação é revelada. 

Neste, é denunciado o facto de, num fornecedor da Baixa Saxónia, na Alemanha, os animais crescerem demasiado depressa, não se conseguindo levantar, tendo de se manter deitados de bruços ou de lado. Este crescimento anormal, explica o referido site, leva à produção "de maiores 'coxas de frango' e 'peitos de frango'".

"Como resultado, os seus ossos e órgãos dificilmente podem suportar o enorme peso. Muitos sofrem de dores e ossos deformados. Alguns até morrem de insuficiência cardíaca", é ainda identificado. São chamadas 'Frankenchickens' - numa alusão ao monstro 'Frankenstein'.

Outra das questões prende-se com a lotação do espaço em que as galinhas são criadas. Não há espaço para se moverem, sofrendo de "stress permanente" e "tédio agonizante". Há também a denúncia - captada em vídeo - de animais "com o pescoço torcido", enquanto "outras não conseguem ficar de pé, morrem no chão ou sofrem de diarreia ou doenças".

"A superprodução, as altas densidades de criação, o facto de serem forçadas a deitarem-se constantemente nos próprios excrementos e o stress permanente tornam estas galinhas especialmente propensas a doenças", frisa o site criado pela Humane League UK, acrescentando que "os animais não recebem atendimento veterinário individual", com "uma média de 5% dos animais a terem mortes excruciantes" ou a serem "mortos antes mesmo de atingir a idade de abate". 

Também a forma como as galinhas são 'manejadas' pelos trabalhadores da fábrica é colocada em causa. A página denuncia que estas aves são atordoadas ou mortas em barracões por empregados que lhes partem o pescoço ou lhes batem. "Um dos trabalhadores é visto a urinar" no local onde estas se encontram. 

Para terminar com esta crueldade contra os animais, a Humane League UK, em associação com a Equalia, criou uma petição - que pode assinar aqui

Advertimos que as imagens presentes neste artigo podem chocar os leitores

"Realidade não é exclusiva deste fornecedor"

Em Portugal, as imagens levaram já à reação de Inês Sousa Real, a porta-voz do PAN, que, no Twitter, asseverou que "esta realidade não é exclusiva deste fornecedor". "Infelizmente, são muitas as práticas, até legais, que condicionam a vida a o bem-estar animal, a par da ausência de mecanismos de fiscalização mais eficazes e da existência de locais de criação e abate também eles ilegais", vincou também.

Acrescenta a deputada que "precisamos urgentemente de mudar de paradigma na forma como permitimos que os animais sejam tratados e explorados", assim como "ter presente, que independentemente da finalidade com que são detidos, devem ter direito a uma existência digna e livre do sofrimento."

A reação do Lidl Portugal 

Confrontado com esta questão, o Lidl Portugal asseverou ao Notícias ao Minuto que "a Sustentabilidade faz parte do ADN" da marca, "sendo o bem-estar animal" uma das preocupações. Deste modo, a "empresa condena veementemente os abusos demonstrados, posicionando-se claramente contra a crueldade para com os animais."

Este fornecedor não fornece o Lidl Portugal, pois a carne à venda em todas as nossas lojas é 100% nacional

"Nesse sentido, estamos em contacto com este fornecedor específico – que fornece igualmente vários outros retalhistas no mercado europeu – para apurar o sucedido", adiantou ainda o Lidl Portugal, vincando que foi iniciada uma "análise independente, elaborada por especialistas externos".

"No entanto, esclarecemos que este fornecedor não fornece o Lidl Portugal, pois a carne à venda em todas as nossas lojas é 100% nacional, exceto um ou outro artigo, que não inclui aves", é ainda destacado na nota que foi enviada por escrito.

Leia Também: Exploração animal? "Precisamos urgentemente de mudar de paradigma"

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