O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse, esta segunda-feira, que a Rússia está "aberta" a negociar com a Ucrânia, ressalvando, contudo, que este não é o momento ideal. Por seu turno, o conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, ressalvou, também hoje, que Kyiv nunca rejeitou negociar com Moscovo. Ao invés, o país mostra-se disponível para conversar com o próximo líder da Rússia, e não com Vladimir Putin.
“Temos dito repetidamente que o lado russo continua aberto a alcançar os seus objetivos através de negociações”, disse Peskov, citado pela CNN.
E continuou: “Também chamámos à atenção de que, no momento, não vemos essa oportunidade, porque Kyiv transformou em lei [a sua decisão] de não continuar nenhuma negociação”, apontou.
O responsável referia-se ao decreto assinado no início de outubro pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que descartava a negociação com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, depois de este ter proclamado a anexação de regiões ucranianas.
Já Podolyak recorreu à rede social Twitter para comentar um artigo do jornal The Washington Post, que dava conta de que o governo norte-americano estava a encorajar os líderes da Ucrânia a dar sinais de abertura a uma negociação com Moscovo.
Important: Ukraine has never refused to negotiate. Our negotiating position is known and open.
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) November 7, 2022
1. First, RF withdraws troops from 🇺🇦
2.After everything else
Is Putin ready? Obviously not. Therefore, we are constructive in our assessment: we will talk with the next leader of RF.
“A Ucrânia nunca se recusou a negociar. A nossa posição de negociação é conhecida e aberta”, escreveu o responsável, alertando que, primeiro, a Rússia deverá retirar as suas tropas da Ucrânia.
“Putin está pronto? Obviamente que não. Portanto, somos construtivos na nossa avaliação: falaremos com o próximo líder da [Rússia]”, elencou ainda.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva russa na Ucrânia já causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.430 civis mortos e 9.865 feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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