Com a retirada das forças russas, a euforia entrou na cidade de Kherson. Ainda que os residentes não tenham água nem eletricidade, um sentimento de liberdade paira no ar, e é palpável nos vídeos que nos chegam a partir da região – a um dos quais poderá aceder na galeria acima.
“Sentimo-nos livres, não somos escravos, somos ucranianos”, disse uma residente à CNN, assinalando que Kherson estava aterrorizada com a permanência das tropas russas na cidade, temendo que pudessem “entrar a qualquer momento nas casas, como se estivessem a viver aqui, e roubar, sequestrar, violar”.
Agora, o cenário é outro. Os ucranianos reúnem-se no centro da cidade, enrolados em bandeiras do seu país, apelando, numa só voz, ‘liberdade para a Ucrânia’.
“Acho que muitas pessoas foram mortas aqui, mas ainda não o sabemos”, considerou outro residente, dando um vislumbre do lado mais sombrio da retirada russa.
Por sua vez, um soldado ucraniano contou à CNN que a sua unidade foi a primeira a chegar a Kherson, assinalando que os civis daquela cidade são “os verdadeiros heróis”.
Recorde-se que a cidade de Kherson foi reocupada pelas forças de Kyiv após a retirada russa, na sexta-feira, o que é considerado como uma das vitórias mais significativas para a Ucrânia, e uma humilhação para Moscovo.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.430 civis mortos e 9.865 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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